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Dia de Finados: o respeito ao mortos é o respeito aos que ainda nem nasceram
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Em memória de meu avô Antônio

Hoje é Dia de Finados. Dia de respeitar a tradição, o legado dos que já se foram. Como teria dito Newton, se ele enxergou longe foi porque subiu no ombro de gigantes.

Civilização é estoque de conhecimento, de hábitos e costumes, transmitidos de geração a geração, mas nunca garantidos. É preciso escolher a civilização. E a barbárie estará sempre à espreita.

Do ponto de vista individual vale o mesmo raciocínio. Não nascemos do nada, mas já frutos de um desejo (mesmo aqueles que foram concebidos por acidente). Carregamos uma história, e essa narrativa ajuda a nos definir como seres singulares.

Roger Scruton, se não me engano, colocou o ponto de vista conservador como aquele que dá um grande peso aos antepassados e aos que ainda nem nasceram. Ao contrário do libertino carpe diem, do “vale-tudo” no aqui e agora, essa postura encara com mais respeito todo o legado que absorvemos, e também impõe um dever moral aos que vão vir. Somos parte de um processo contínuo, e devemos levar isso em conta.

Theodore Dalrymple escreveu em um de seus livros que gostava de respeitar certas tradições e cerimônias, sendo uma delas o hábito de se vestir à rigor para enterros. Na pior das hipóteses, ao menos seria uma forma de demonstrar que tal evento não era tão trivial quanto ir ao cinema ou comer uma pizza. Exigia um grau de esforço maior, uma postura adequada diante da ocasião.

Fica aqui minha homenagem a todos aqueles que já se foram e deixaram suas marcas, de preferência com saldo positivo. A vida é efêmera e a memória é crucial para preservarmos seu valor. Sem isso, tudo não passa de um fluxo caótico, sem sentido, de som e fúria.

Os bárbaros adorariam destruir o legado da civilização. Mas o respeito aos mortos é também o respeito aos que ainda nem nasceram. Mantendo-os vivos em nossas memórias, em nossos hábitos e costumes, em nosso conhecimento, estamos prestando uma justa homenagem ao passado, e ajudando a preservar o futuro. Afinal, como disse George Santayana, “Aqueles que não conseguem se lembrar do passado estão condenados a repeti-lo”.

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