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A esquerda caviar, conforme descrevi em meu livro, é aquela que ama mais um ratinho do que um ser humano, derrete-se toda mais pela baleia do que pelo feto humano. A misantropia era minha primeira suspeita. Mas eis que agora surgiu uma possibilidade mais prosaica, mais comezinha, ao menos no caso da defesa dos pobres peixinhos.

A ameaça de extinção do esturjão coloca em risco a iguaria preferida da turma. Isso mesmo: o caviar sumiu do mercado por conta disso! Vejam o que diz a matéria do Estadão:

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O progressivo desaparecimento das reservas de esturjão no Mar Cáspio está transformando o caviar selvagem iraniano em um luxo impossível de ser encontrado no Irã e cada vez mais raro no mercado mundial. 

O Mar Cáspio é a maior reserva de esturjões selvagens do mundo, com cinco espécies diferentes responsáveis por 90% do legítimo caviar consumido no mundo. 

“Nos últimos seis meses, não produzimos nem dez gramas de caviar para o mercado”, afirma Nasser Oktai, gerente comercial da Madar Takhasosi, a estatal iraniana que tem o monopópio de produção, comercialização e exportação de caviar.

Assim não dá! Alguém me explica como é possível defender o regime cubano, o socialismo igualitário, a justiça social, sem degustar um legítimo caviar iraniano acompanhado por uma champanhe. Impossível! Estão exigindo demais dos pobres colegas artistas e “intelectuais”.

A luta pelo direito dos animais é utilitarista, portanto. Estão apenas defendendo seu direito de comer as ovas do peixe em paz, depois de uma árdua “revolução”. Para terem acesso a essas ovas, os peixes não podem ser pescados dessa forma tão descontrolada. É preciso preservá-los!

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E aí surgiu essa parafernália toda de direito dos animais, ambientalismo, risco de espécies em extinção, coisa e tal. Não é só pelos vinte centavos. É, também, pelo sagrado direito de consumir caviar.