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Formigas na rapadura
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O colunista João Ubaldo Ribeiro usou uma boa metáfora em seu artigo de hoje para descrever nosso país, ou nossa política para ser mais preciso:

Diante dessa sarabanda agitada e da luta para não largar o osso, lembro-me de quando eu era menino em Itaparica, punha um pedaço de rapadura no chão e ficava esperando formigas brotarem do nada, várias espécies que só tinham em comum gostar de açúcar. Umas ruças, grandalhonas, eram minhas favoritas, porque ficavam frenéticas e não paravam um segundo, para lá e para cá, em cima da rapadura, apesar de que, volta e meia, uma parecia se saciar e caía imóvel — dura para trás, dir-se-ia. Eu não sabia, mas estava vendo o Brasil, só que as formigas não se saciam e quem cai para trás somos nós.

A velha máxima “se a farinha é pouco, meu pirão primeiro”, que nos define enquanto país. O governo é um gastador compulsivo, que não pára de se endividar para manter seu padrão de vida nababesco, utilizando o pretexto das demandas sociais, cada vez maiores justamente por causa do tamanho do estado. Caímos num círculo vicioso em que o tamanho do governo gera mais miséria, e os miseráveis ignorantes acabam pedindo mais governo para solucionar seus problemas, o que por sua vez aumenta ainda mais a miséria.

Em resumo, é a fome insaciável do estado, devido ao seu tamanho avantajado, que acaba gerando miséria para o povo. É por culpa dessa fome compulsiva que o endividamento público é alto, pressionando os juros e acarretando menor crescimento. Foi pelo mesmo motivo que no passado tivemos emissão descontrolada de moeda, gerando inflação. Isso sem falar das outras sequelas inevitáveis de uma burocracia inchada, como a dificuldade de se abrir e fechar empresas rapidamente, ou a gama de empecilhos que são criados para venderem facilidade depois.

A falta de confiança nas regras isonômicas do jogo, criada pela concentração de poder no estado, é outro impeditivo ao progresso. A fome do Leviatã estatal, tanto por poder como recursos, justificada capciosamente pela busca da “justiça social”, é que some com a comida do povo. A rapadura de 40% do PIB atrai todas as formigas e cupins, insetos gregários de forma geral, enquanto os indivíduos pagadores de impostos pagam o pato, ou a rapadura. São cada vez mais parasitas para menos hospedeiros…

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