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Frouxinhos contemporâneos: o manifesto dos covardes
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Já escrevi aqui sobre a espécie em extinção no mundo moderno: o homem homem, ou seja, aquele que aceita certos fardos inevitáveis na vida de qualquer homem que vale o uso de tal qualificação.

Hoje foi a vez de Luiz Felipe Pondé, em sua coluna da Folha, bater na mesma tecla. Para o filósofo, “nunca houve uma época tão medrosa como a nossa, com um dom tão grande para negar esse medo e negar a complexidade e frustração a que estamos todos submetidos”.

Diante deste medo, e paralisados por ele, esses “homens” adotam a postura covarde de clamar por “direitos” cada vez mais patéticos. Pondé os chama de “frouxinhos”, após já ter denominado os “inteligentinhos” e os “bonzinhos”.

“Estes homens (gênero, não espécie)”, escreve, “descobriram que é difícil ser homem, ainda mais numa época em que está na moda confessar traumas o tempo todo para garantir (supostamente) a simpatia de todos”. Em busca de aplausos fáceis, a primeira coisa a ser sacrificada será sempre a honestidade.

Intimidados pelas mulheres, especialmente em uma época na qual se sobressaem em diversas áreas, esses “homens” começam a apelar de forma vergonhosa. Pondé imagina, então, algumas bandeiras que esses movimentos “masculinos” vão levantar no futuro, ignorando apenas que o futuro já chegou:

Vejo-os em passeatas, chorando, com cartazes escritos assim: “Pelo direito de brochar”, “pelo direito de arrumar uma mulher que me sustente”, “pelo direito de gritar quando aparecer uma barata na sala”, “pelo direito de se negar a trocar o pneu”, “pelo direito de ter tempo igual ao da mulher na frente do espelho”, “pelo direito de ter TPM” (claro, a medicina é machista por isso nunca descreveu a TPM masculina), “pelo direito de colocar a mulher na frente do ladrão”, “pelo direito de sair antes da mulher e das crianças numa situação de risco”.

Meu Deus, coitadas das meninas, condenadas a ficar se virando em camas vazias com homens que não seguram o tranco da insustentável condição de insegurança, incerteza, contingência, dureza, mentira, frustração, e, finalmente, derrota, que nos assola todos a vida inteira.

O mundo está, de fato, um lugar cada vez mais esquisito…

Rodrigo Constantino

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