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O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?
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Fonte: Reuters

O presidente Obama indicou Janet Yellen para presidir o Fed, em substituição a Ben Bernanke. Pela primeira vez em um século de vida o banco central americano será liderado por uma mulher. E daí?

A colunista Miriam Leitão, que volta e meia acerta quando fala de economia, acaba demonstrando o velho ranço de esquerda quando o tema é meio-ambiente, cotas raciais, movimento indígena ou feminismo. Abraça as causas erradas nesses casos, em minha opinião.

Em sua coluna de hoje, celebrou justamente o fato de que o Fed será, agora, presidido por uma mulher. É a velha cartada sexual, apenas mais um desmembramento do coletivismo.

Coletivistas são aqueles que selecionam arbitrariamente uma característica individual, entre tantas, e a consideram a única relevante. O marxista só enxerga classe, a feminista só enxerga o gênero, o nacionalista só enxerga a nação, o racista só enxerga “raça”.

O individualista, ao contrário, vê indivíduos, e não os considera meios sacrificáveis para esses fins maiores, puras construções abstratas. Portanto, tende a julgar mais as outras características, dependentes do livre-arbítrio, como o caráter, as atitudes, e não a simples categoria a que pertence.

É verdade que tanto Miriam Leitão como Monica de Bolle, entrevistada pela coluna, apontaram também as qualidades individuais que enxergam em Yellen. Mas o fator sexual foi bastante celebrado, o que, para mim, não faz o menor sentido. O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?

Outra que vibrou com a escolha foi Maria da Conceição Tavares, ícone da esquerda jurássica, aquela que chorou de emoção com o fracassado Plano Cruzado. Ela disse:

Uma mulher na presidência do Banco Central não tem precedentes. Tem primeira ministra, presidente, mas presidente do BC, não. Em uma festa em Paris com cinco ministras francesas, eu disse que a única coisa que queria ser é presidente do BC. Ela é keynesiana, está do nosso lado.

Festa em Paris? Ah, essa esquerda caviar! Felizmente, para nós, seu sonho de ser presidente do BC nunca se concretizou. Mas notem que ela enalteceu o fator sexual também, só que depois citou a ideologia de Yellen. E é aqui que eu queria chegar: os coletivistas são sempre, invariavelmente, seletivos.

Margaret Thatcher foi uma das mulheres mais poderosas do mundo, eleita três vezes em uma democracia moderna, e com ótimo histórico de resultados para mostrar. Pergunta se as feministas a adoram? Não! Porque ela era conservadora e não apelava para a vitimização do gênero. O mesmo vale para Angela Merkel na Alemanha agora.

Mas quando Cristina Kirchner ou Dilma Rousseff vencem e se tornam as primeiras mulheres a presidir um país latino-americano, com frágeis democracias, e com péssimos resultados, são celebradas pelas feministas! O coletivismo de gênero é seletivo. Parece que o esquerdismo fica em primeiro lugar.

O mesmo vale para “raça”. Quando Obama foi eleito, a quantidade de gente que chorou de tanta emoção foi enorme. O primeiro presidente negro dos Estados Unidos! Poucos quiseram saber quem ele realmente era, o que ele realmente pregava. Era negro, e tinha uma retórica esquerdista de vitimização. Era o suficiente. O resultado está aí, com a menor taxa de aprovação da história e um país rachado ao meio politicamente.

Mas quando Thomas Sowell condena as cotas raciais, a cor de sua pele perde relevância, ou pior, ele passa a ser visto como um traidor da categoria. Como assim um negro condenar as cotas raciais? O mesmo acontecia com trabalhadores que rejeitavam o comunismo: traidores de classe!

Enfim, coletivistas só enxergam coletivos, nunca indivíduos, e celebram os indivíduos que falam em nome do coletivo, mas apenas quando aderem ao próprio discurso coletivista. Caso contrário, são traidores de suas respectivas categorias.

E claro, acima de tudo isso vem o principal critério coletivista: tem que ter viés de esquerda! Eu queria só ver se Miriam Leitão e Conceição Tavares estariam comemorando o sexo da presidente do Fed se fosse uma mulher hawkish com um discurso firme de que não se cria prosperidade imprimindo moeda…

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