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Uma matéria no jornal mostrou o aumento da criminalidade nas redondezas das renomadas escolas de Botafogo, no Rio. Há relatos de agressividade gratuita dos marginais, seguida de escárnio, como esse:

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Fiquei com hematomas no braço e na perna. Um homem veio me ajudou e fomos atrás dos bandidos. Um bombeiro conseguiu segurá-los. Três deles eram menores de idade e ficaram rindo na delegacia, dizendo que em breve estariam na rua para cometer novos assaltos.

De fato, protegidos pela inimputabilidade do ECA, esses bandidos sabem que estarão em liberdade em pouco tempo, prontos para assaltar novamente, ou até matar. Nada é um convite maior ao crime do que a impunidade. Mas eis que logo aparecem eles, sempre eles!, os antropólogos, para justificar a bandidagem com base nas desigualdades sociais:

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Para a antropóloga Regina Novaes, pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), os crescentes registros de roubos de aparelhos celulares escancaram que há no país um abismo entre as possibilidades oferecidas pela tecnologia e os meios de inserção digital disponíveis para a juventude de classes sociais diferentes. Os smarthphones, observa uma das mais respeitadas pesquisadoras sobre infância e juventude do Brasil, são símbolo de toda uma geração que quer estar conectada.

— Esta é uma geração conectada à internet, mas a qualidade e os meios desta inserção digital ainda são muito díspares. Claro que ninguém celebra esta espécie de atitude Robin Hood, de quem não tem tirar de quem tem. Mas é interessante a gente observar que esses episódios apontam para o grande hiato que ainda há no país do ponto de vista econômico e social, a despeito dos avanços nos últimos anos. Estamos falando de jovens que partilham os mesmos objetos de desejo — analisa.

Mestre em antropologia do consumo e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Hilaine Yaccoub diz que os smarthphones viraram acessório de moda e item de distinção social.

— Não sei as razões de quem rouba. Pode ser para comprar drogas, trocar por outros produtos, não dá para dizer. Mas a sociedade partilha dos mesmos símbolos culturais. E o smarthphone virou objeto de desejo. Todos querem estar conectados, dizer o que pensa no Facebook, compartilhar fotos. E estes celulares têm um grande custo-benefício. Agrega, no mesmo aparelho, vários produtos, como agenda eletrônica e aplicativos de entretenimento. É uma companhia num mundo cada vez mais individualizado.

Não sei quanto ao leitor, mas eu poderia sonhar com muitos e muitos itens de consumo que não tenho. Adoraria uma Ferrari, para começo de conversa. Um helicóptero então, nem se fala! Outro dia vi uma TV enorme de LCD que me encantou, fazendo a minha parecer jurássica.

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Mas jamais passou pela minha cabeça que esse hiato entre os ricos e minha classe média era algum tipo de justificativa para lhes tomar o que desejo. Antropólogos pensam diferente. Para a maioria deles, quase tudo se explica pelo contraste de classes.

Considero essa abordagem uma afronta aos pobres honestos, ou seja, a maioria. Quer dizer então que os objetos de desejo, o fato de todos quererem estar conectados, os símbolos culturais são uma espécie de carta branca ao crime? Só mesmo na cabeça de um antropólogo, de preferência com Ph.D.

Essa postura também ignora que Brasília tem a maior renda per capita do país e está repleta de larápios. A miséria explica o crime? Então o que explica Brasília?

Não sei a resposta para a pergunta que dá título a esse texto. Mas arrisco uma: talvez eles passem tempo demais convivendo com e estudando as sociedades mais primitivas, e esqueçam o que é a civilização mais avançada, calcada no direito de propriedade privada e na igualdade de todos perante as leis.

Se depender deles e de seu relativismo cultural, jamais chegaremos lá, pois tanto faz o estilo de vida dos tupinambás e dos suíços. São “apenas” diferentes…

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