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Mais uma grande decepção naquela que era a maior esperança do governo Dilma para destravar alguns gargalos da economia e permitir maior crescimento. O leilão de Libra, a “joia da coroa”, contará apenas com 11 candidatos interessados, sendo os mais relevantes as empresas estatais da China. As grandes empresas privadas de petróleo não mostraram interesse. A própria ANP não conseguiu esconder a decepção.

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O trecho que era considerado o “filé mignon” das concessões rodoviárias também não teve nenhum interessado, e outro foi levado por empresa desconhecida e sem experiência. Antes, nas concessões dos aeroportos, esse problema já tinha surgido: empresas desconhecidas, menores e sem experiência, ou estatais de outros países, haviam vencido importantes leilões.

O que acontece? O governo tenta explicações pontuais para cada caso, sempre apontando para bodes expiatórios. Mas o fato é que temos um governo que tem ojeriza ao livre mercado, tendo que realizar concessões e privatizações por extrema necessidade de investimentos. O fator ideológico acaba afugentando os melhores candidatos, receosos do excessivo intervencionismo.

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O caso de Libra é sintomático. Após cinco anos sem leilões somente por ranço ideológico, o governo se deu conta de que a Petrobras não tem condições, sozinha, de explorar nosso potencial de petróleo – que, pelo visto, é menor do que o vendido na propaganda estatal. Mas o governo, se abre espaço para o investimento privado com uma mão, deseja controlar cada detalhe com a outra.

O modelo é de partilha, não exatamente concessão, pois a União fica com boa parte da produção. Além disso, a Petrobras tem que ser operadora do bloco, com pelo menos 30% de participação. São regras que assustam os grandes players privados. Não confiam nas regras do jogo, não enxergam clareza no horizonte regulatório, e não acham que o retorno será de mercado.

Resultado: as gigantes privadas do setor desistiram, e as maiores esperanças, agora, são as estatais chinesas, justamente porque não ligam tanto para retorno financeiro; querem apenas garantir suprimento de óleo para o país, que cresce a elevadas taxas e não possui reservas abundantes.

O governo ainda tem conversado com os grandes fundos de pensão estatais, como Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica), para pressioná-los a participar mais ativamente do leilão, em parceria com a própria Petrobras, que poderia aumentar seu share para 40%. Ou seja, uma “concessão” do estado para o estado!

O pré-sal, que despertou tantos sonhos populistas nos políticos, pode não ser essa promessa toda. Vide o débâcle da OGX, de Eike Batista. Acende uma luz amarela para os investidores preocupados com bons retornos em seus pesados e arriscados investimentos.

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Enquanto isso… Os Estados Unidos experimentam uma verdadeira revolução tecnológica na extração de óleo e gás, principalmente no dito shale gas. A técnica conhecida como fracking tem permitido um rápido crescimento na exploração da commodity, e só não é maior por conta da pressão ambientalista em certos locais.

Os Estados Unidos, com várias empresas privadas competindo livremente no setor, já produzem mais de 7 milhões de barris por dia. O Brasil, com a estatal Petrobras quase monopolista ainda, não consegue expandir sua produção, permanecendo na faixa de 2 milhões de barris por dia.

O Brasil tem um enorme gargalo na infraestrutura, que impede ganhos de produtividade das nossas empresas. A oferta fica limitada, e com tanto estímulo do lado da demanda, acabamos com alta inflação e balança comercial deficitária (as importações crescem muito mais que as exportações). É um modelo insustentável.

O governo se dá conta aos poucos disso, de que precisa atrair investimentos. Mas, por sua ótica ideológica, está tendo que fazer um pacto com o diabo, ou seja, o capital internacional. Está dormindo com o inimigo. O “inimigo” sente isso, e cobra mais caro para fazer parte da festa. Está desconfiado, com toda razão. Não tem sido bem tratado. É um casamento forçado, por extrema necessidade de recursos. Não dá certo.

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Quem perde somos todos nós, brasileiros. É a livre concorrência e um setor privado dinâmico que permitem o progresso. O governo do PT não tolera isso. Faz algumas concessões porque não tem alternativa, mas faz mal feito, e o resultado está aí: poucos interessados, e de má qualidade.

Se já temos os “médicos” cubanos espalhando-se pelo interior do nosso país, agora teremos, pelo visto, as estatais chinesas tomando conta do nosso petróleo offshore, em parceria com a própria Petrobras. Com os chineses não ligam para a rentabilidade, é possível que arrastem a Petrobras, já extremamente endividada, para investimentos inadequados, de olho somente na produção.

Pode ser a pá de cal da nossa estatal, que já atravessa dificuldades financeiras. Tudo fruto da mentalidade estatizante desse governo.