O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,50 ponto porcentual, para 9% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés – ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro em outubro.
Trata-se da quarta elevação consecutiva do juro básico da economia neste ano. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. A decisão não surpreendeu o mercado financeiro, que apostava de forma quase unânime no aumento de 0,50 ponto.
Mesmo com o Copom colocando viés neutro, todos esperam novos aumentos. A inflação ainda está em patamar incômodo, e a desvalorização da moeda deve colocar mais lenha na fogueira. A grande bandeira política da presidente Dilma, de combate à elevada taxa de juros no Brasil, subiu no telhado. Tudo indica que ela terminará seu governo com uma taxa bastante alta, possivelmente de dois dígitos novamente.
O que aconteceu? A velha máxima de que o barato pode custar caro. Ao tentar impor uma taxa de juros artificialmente baixa, justamente pela bandeira política em jogo, o governo despertou o dragão inflacionário de desancorou as expectativas. Os agentes do mercado passaram a ver o BC como braço político do governo, e não como entidade autônoma cuja missão é perseguir a meta de inflação.
Foi possível colher os frutos dos juros baixos por algum tempo, mas as leis econômicas são inexoráveis. A inflação não atendeu aos anseios da equipe econômica, e seguir em patamar elevado. O próprio governo não fez sua parte do lado fiscal. Os gastos públicos continuaram subindo, pressionando ainda mais a inflação e desequilibrando as contas públicas.
Credibilidade é algo que leva muito tempo para se conquistar, mas se perde num piscar de olhos. O governo perdeu a sua, e com força: foi um trabalho constante de desiludir o mercado com malabarismos, intervenções arbitrárias, discursos desencontrados, medidas equivocadas e mudanças nas regras do jogo.
Para reconquistar tal credibilidade, seria necessário um choque de juros, acima do esperado pelo mercado, para debelar as expectativas de inflação futura e demonstrar autonomia. Pouco provável, como o viés – ou falta dele, comprova. O BC ainda parece sonhar que a inflação cederá, sabe-se lá o porquê. É como se o puro desejo fosse capaz de mudar a realidade. Não no mundo real.
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