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MBL pede impeachment de Bolsonaro: a banalização do instrumento
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O MBL foi mais um a dar entrada num pedido de impeachment de Bolsonaro, juntando-se aos opositores de extrema esquerda do presidente. Na hora de justificar medida tão drástica, porém, o deputado Kim Kataguiri expôs o amadorismo e também o oportunismo do movimento que se diz liberal.

O movimento alega que o presidente cometeu "estelionato eleitoral", e como evidências apresenta a saída de Sergio Moro e o Pró-Brasil, um programa que sequer saiu do papel ainda. Escreve o jovem deputado do DEM:

O recente episódio com o ex-Ministro Sergio Moro mostra que Bolsonaro não tem compromisso com o combate à corrupção mas sim para blindar sua família e seus aliados. Quer usar a PF de maneira política, não para atender o interesse público, mas seus interesses pessoais.

Pelo visto, Moro era insubstituível mesmo! O problema é que tal ilação carece de provas. Cabe ao presidente, pela lei, escolher o diretor-geral da Polícia Federal, escolha que nem foi realizada ainda! O nome de Alexandre Ramagem é o favorito, e é verdade que ele é amigo pessoal dos filhos do presidente. Mas também é reconhecido por muitos no meio como sério.

Kim e a garotada do MBL têm todo direito de condenar as escolhas, de achar que representam guinada no combate à corrupção, de ficarem decepcionados. Mas precisam provar o crime, a ingerência para blindar a família! Sobre economia, a argumentação é ainda pior:

Quanto à política econômica, o Pró-Brasil não é nada liberal. É baseado em gasto público e planejamento central. Não está de acordo com suas promessas na campanha para a Presidência da República.

Hoje mesmo o presidente reforçou seu apoio ao ministro liberal Paulo Guedes. A justificativa tem todo cheiro de oportunismo político, de quem aplaude cada vez mais o centrão da turma de Maia e os tucanos como alternativa ao atual governo. Eis o que outro político ligado ao MBL escreveu:

A manifestação não era pelo AI-5 em si, e nos protestos promovidos pelo MBL para o impeachment de Dilma tinham placas pedindo bizarrices também; não há prova de intervenção na PF ainda, e cabe ao presidente escolher o seu comando, como já disse; quebrar decoro é sair no tapa na Assembleia Legislativa do município. A regra parece clara mesmo: tudo jogo de poder!

Recordar é viver: a bandeira ética do MBL é mais falsa do que uma nota de R$ 3. Há duplo padrão evidente. Não queriam renúncia de Temer, por pragmatismo, mas agora entram com pedido de impeachment de Bolsonaro alegando "estelionato eleitoral":

[...] o movimento definiu como sensacionalista a matéria que revelou a gravação do empresário da JBS. “Ainda há de se investigar mais a fundo algumas partes, mas não era tudo que foi alardeado. O Brasil perdeu muito com essa brincadeira – menos Joesley Batista, que saiu lucrando”.

Pedido de impeachment; ataques ao liberal Paulo Guedes; promoção de desenvolvimentistas que pregam até impressão de moeda: estou com dificuldade de diferenciar a garotada do MBL e a turma do PSOL. E pelo que escutei as semelhanças não param por aí...

Comparem a postura do MBL com a de Paulo Eduardo Martins, um conservador mais experiente e prudente:

Mas a culpa é nossa mesmo, das lideranças mais antigas da direita no país. Preciso fazer minha mea-culpa como alguém que até escreveu orelha de livro para o Kim. Impulsionamos um monte de garotos rebeldes e ambiciosos, ignorando a máxima conservadora de Nelson Rodrigues sobre a juventude. Esses moleques precisam amadurecer antes de chegar ao poder. Isso está bem claro agora...

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