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Fui nesta terça no meu primeiro "rally" de Donald Trump em sua campanha pela reeleição. O evento foi no BB&T Center, ao lado do Sawgrass e, portanto, apenas 15 minutos da minha casa. Fui com alguns conhecidos, e relato minha primeira experiência nesse tipo de evento.

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Para começo de conversa, estava bem cheio, lotado mesmo, tanto que tive que ficar em pé. Mas tudo muito organizado, como nos jogos e shows que já fui no mesmo estádio. Chama a atenção do brasileiro, mesmo após mais de quatro anos morando aqui, a tranquilidade na qual acontece esse tipo de evento com multidões. Organização impecável.

Mike Pence, vice-presidente, entrou primeiro, fez um bom discurso, destacou as principais conquistas do atual governo, afirmou toda sua confiança na liderança de Trump, e conseguiu arrancar fortes aplausos nos momentos mais ideológicos de sua fala, especialmente sobre os valores cristãos. Mas, por mais que Pence se esforce, ele não tem o perfil demagogo, é sóbrio demais para encantar a plateia.

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Chega então a vez de Trump. É um showman. Sua entrada triunfal, com música emocionante de fundo, remete aos shows com as estrelas do rock. Trump é popstar, e eis a primeira grande constatação: a política se transformou totalmente em entretenimento, em showbiz. Não por acaso Trump é o presidente: ele não é causa do fenômeno, mas consequência.

As pessoas transferiram para a política o "sentimento religioso" natural ao homem. O presidente não é apenas um presidente mais, e sim um messias, um líder capaz de incorporar os anseios populares e representar cada um na luta contra os inimigos. No caso, a mídia corrupta, o establishment corrupto, o globalismo ameaçador.

Trump, ali, está em casa. Fala sem parar, puxa uma história atrás da outra, cita números, é um espetáculo particular seu, em contato direto com milhares de pessoas energizadas por suas tiradas. E aquelas que mais recebem gritos são as que demonizam a imprensa enviesada. Ele aponta para o local onde estão os jornalistas e diz, com todas as letras: "São uns malucos! A CNN corrupta não cansa de espalhar Fake News". E o público vai ao delírio.

Entende-se a preocupação de analistas com o populismo de Trump. Ele se vende como "um de nós" capaz de enfrentar o sistema, as elites, a mídia, para defender "nossos interesses". Todo populista se coloca como representante do povo contra as elites. Mas tem um pequeno problema: os adversários que Trump ataca são reais, e ele efetivamente tem feito bastante para representar o grosso da população que se sentia excluída do governo.

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Trump tem bons dados econômicos para mostrar, para esfregar na cara de seus detratores. Esse foi o primeiro comício dele como cidadão fiscal da Flórida, o Sunshine State, justamente por questões tributárias. O governador Ron DeSantis, aliás, foi ovacionado, mais até do que Trump. O povo florido está contente com os impostos menores. O povo novaiorquino nem tanto, com os democratas no poder. Tanto que cada vez mais indivíduo e empresa do setor financeiro se muda para cá, aquecendo o mercado imobiliário na Brickell.

Trump concorre, enfim, com radicais democratas, e sabe explorar bem isso. Quando repete seu mantra, de que a América jamais será socialista, leva a plateia à loucura. Quando afirma os valores ocidentais, quando diz que a América é uma grande nação sob Deus e que deve se orgulhar de seu legado, é ovacionado. E quando condena a política imigratória frouxa dos democratas, sua perseguição às armas dos cidadãos, a defesa do aborto tardio, recebe mais aplausos efusivos. O povo entende contra o que está lutando nessa guerra cultural.

Talvez as "mães de subúrbio" se incomodem com o estilo fanfarrão de Trump. Talvez os analistas estejam certos em rejeitar seu lado populista. Mas o fato inegável é que ele combate os inimigos certos, usa uma retórica poderosa, que surte efeito justamente porque a população sabe que essa gente perdeu a razão, saiu da linha moderada e se tornou extremista, torcendo contra a América e seus mais básicos valores.

Chamou a atenção algumas crianças ao meu lado apontando para os jornalistas com reprovação no momento em que Trump detonou a mídia. É um sentimento generalizado, de que NYT, Washington Post, CNN e companhia não fazem um trabalho jornalístico minimamente isento, pois se tornaram militantes, ativistas contra o governo Trump.

Se o presidente republicano for reeleito, muito disso será devido a essa postura da imprensa, além do radicalismo de seus oponentes, cada vez mais socialistas. A América, de fato, jamais será socialista. E se o instrumento para impedir isso é alguém como Trump, então paciência: o povo vai ignorar certos defeitos e defender aquilo que importa mais, que é essencial: evitar a destruição de uma grande nação, o que seria inevitável com o avanço do esquerdismo.

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