A pobreza extrema chega ao maior percentual desde 2012: 6,5% da população. 56% da população abaixo da linha de pobreza não tinham acesso a esgoto sanitário. 40% da população com 25 anos ou mais não concluíram o ensino fundamental. São dados estarrecedores.
Em 2018, a proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita inferior a US$ 1,90 (linha de extrema pobreza, segundo o Banco Mundial, equivalente a R$ 145 mensais) manteve-se no maior patamar dos últimos sete anos analisados: 6,5% da população brasileira. Este percentual corresponde a 13,5 milhões de pessoas, contingente superior à população total de países como Bolívia, Bélgica, Cuba, Grécia e Portugal. Entre 2017 e 2018 houve estabilidade na proporção de pessoas com rendimento abaixo de US$ 1,90.
O que esses dados mostram é como o Brasil segue um país desigual e miserável, apesar de ilhas de prosperidade - especialmente Brasília, que possui a maior renda per capita do país e produz basicamente leis estúpidas e corrupção. O Brasil segue prisioneiro da armadilha de baixo crescimento, o que penaliza de forma desproporcional os mais pobres.
O perigo de se falar em desigualdade, em Belíndia, um país que é a mistura da Bélgica com a Índia, é que muitos, especialmente à esquerda do espectro político, vão concluir que basta tirar dos mais ricos e distribuir aos mais pobres por meio do estado, uma receita marxista calcada na inveja e fadada ao fracasso.
Não é punindo quem cria riqueza que se combate a pobreza, mas sim retirando obstáculos da frente dos empreendedores, cortando privilégios de empresários amigos do rei e de servidores públicos. A miséria que persiste em nosso país é resultado de um modelo hipertrofiado de estado. É essencial combater esse mal, e o governo tem apresentado medidas positivas nesse sentido.
Privatização, maior abertura comercial, estancar o crescimento do gasto fiscal por meio de reformas estruturais, descentralizar o poder e os recursos por meio do federalismo na prática, atrair investimentos em infraestrutura, melhorar a qualidade do ensino público combatendo a doutrinação ideológica e o despreparo do professor, eis o que deve ser feito. Tudo isso, claro, num ambiente de estabilidade política e jurídica, e talvez esse seja o calcanhar de Aquiles hoje.
O Brasil precisa, em suma, abraçar pra valer o capitalismo liberal, que nunca nos deu o ar de sua graça. Resta saber se há condições políticas para tanto, ou se a resistência dos bichos do pântano, dos grupos de interesses organizados em prol da manutenção do status quo, será mais forte do que o desejo popular por mudanças e modernização.
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