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Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, ganharam o prêmio Nobel da Paz de 2021. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (8) pelo comitê norueguês do Nobel.

Ressa, 58, repórter filipino-americana, é editora do site de jornalismo investigativo Rappler e foi presa pelo governo de Rodrigo Duterte, em 2019, acusada de violar uma controversa legislação contra “difamação cibernética” devido a uma reportagem em que acusava um empresário filipino de atividades ilegais.

Já Muratov, 59, é cofundador e editor-chefe do Novaia Gazeta (novo jornal, em russo), um dos principais jornais de oposição ao governo de Vladimir Putin. O comitê norueguês descreveu o veículo como o mais independente da Rússia atualmente.

A escolha, justificou a porta-voz do comitê, Berit Reiss-Andersen, foi um aceno à defesa das liberdades de imprensa e de expressão, "pré-requisitos para sociedades democráticas e para a paz duradoura".

Não sou exatamente alguém simpático ao Nobel da Paz, prêmio que foi banalizado e já foi parar em lugares sem qualquer sentido, até mesmo com terroristas como Yasser Arafat ou embusteiros como Al Gore. Mas esse prêmio deste ano reforça a importância do fator coragem na profissão de jornalista, algo um tanto em falta no Brasil.

Ao buscar a verdade e lançar luz sobre o que os poderosos gostariam de manter às sombras, o jornalismo leva informação ao público e serve como uma espécie de poder moderador. Ou deveria ser assim. E o grande teste é observar quem realmente detém poder para calar, intimidar ou perseguir jornalistas.

Com Trump nos Estados Unidos e Bolsonaro no Brasil, muitos jornalistas viraram militantes de oposição, demonizando os presidentes e "passando pano" para todos os abusos cometidos por seus adversários. No Brasil, a velha imprensa cata pelo em ovo para desgastar Bolsonaro, e quando nada encontra, inventa. Já em relação aos seus opositores...

Aí reina o mais absoluto silêncio! O governador João Doria, por exemplo, é alguém um tanto protegido pela mídia em geral, irrigada com recursos de publicidade do estado mais rico da nação. Há suspeitas de "China in Box" enchendo os bolsos de muitos jornalistas também, que se tornaram vassalos do regime ditatorial comunista. E quanto ao arbítrio supremo...

Tivemos um caso absurdo esta semana: o sigilo de fonte, resguardado pela Constituição, foi ignorado para denunciar uma funcionária do ministro Lewandowski que passava algumas informações ao jornalista Allan dos Santos, do Terça Livre. Coisa séria, grave. Mas a imprensa achou adequado expor a mulher, mãe de família, e a chamou inclusive de "espiã" e "informante" do "blogueiro bolsonarista".

Ou seja, ali tínhamos um jornalista com coragem de averiguar o comportamento das figuras mais poderosas do nosso país, com denúncias graves, como a de que ministros mudavam suas decisões após ligações de certas pessoas. Em vez de o jornalismo mergulhar de cabeça nisso, o mais relevante da história, os veículos de comunicação preferiram destruir a vida da fonte do jornalista e proteger o STF.

Qualquer um pode xingar, demonizar ou mesmo desejar a morte de Bolsonaro abertamente, que nada acontece. Mas há jornalistas presos por "atacarem" o STF, e nossa imprensa considera isso normal. O grande teste de coragem do jornalismo é perguntar qual risco de retaliação que suas investigações produzem. Investigar Putin e Duterte é perigoso mesmo. Investigar Bolsonaro não. Já investigar ministros supremos...

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