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Recorde de audiência. Só na página da Jovem Pan no YouTube eram mais de 200 mil pessoas acompanhando ao vivo, além de 100 mil na página do presidente e mais dezenas de milhares espalhados em páginas que transmitiram a famosa live de Bolsonaro nesta quinta. O presidente criou a grande expectativa ao falar que apresentaria provas de fraudes nas urnas.

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O que vimos são fortes indícios de fraude e provas do enorme risco de fraude, não provas de fraude em si. Exatamente como eu tinha dito que seria o caso. E não poderia ser muito diferente: afinal, as urnas não são auditáveis e não é possível comprovar uma fraude, como os tucanos descobriram com seus especialistas em 2015.

O presidente fez uma promessa e, nesse aspecto, pode ter falhado. A mídia vai explorar isso, como já fez o Estadão estampando em sua capa que o presidente espalhou Fake News. Mas está claro que é urgente dar mais transparência e segurança. Por que não?! E pensando por esse prisma, a estratégia de Bolsonaro foi brilhante.

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Ele fez seu melhor discurso até hoje, contundente, firme, em tom sereno e de apelo aos patriotas que não desejam ver o Brasil rumando na direção da Argentina ou Venezuela. Ele subiu o tom contra o STF, lembrando que os mesmos que soltaram Lula e o tornaram elegível serão os responsáveis pela "contagem dos votos", num sistema opaco, sem transparência, numa caixa preta. E apresentou indícios suficientes para mostrar que não é possível confiar plenamente nessas urnas.

Tudo isso na véspera das manifestações marcadas para o próximo domingo, justamente pelo voto democrático auditável. Ou seja, ao falar em provas em vez de indício, Bolsonaro exagerou, mas conseguiu atrair a atenção de uma multidão para expor os riscos existentes e fazer seu apelo. A bolha da mídia vai apontar para a "mentira", mas Bolsonaro sabe que a mídia já está contra ele de qualquer jeito. Seu recado foi para o povo!

Essa postura de estadista deveria ter sido a adotada desde o primeiro dia de governo. Teria evitado muito desgaste evitável. Não teria evitado os ataques da imprensa e dos golpistas do sistema, claro, mas é inegável que a postura mais beligerante do presidente foi responsável por parte da perda de popularidade, especialmente perante a classe média. No momento crucial, porém, Bolsonaro fez seu apelo no tom certo, e isso terá impacto.

Outra coisa interessante de se analisar: seria coincidência uma fala tão dura logo após o acordo com o centrão, que trouxe Ciro Nogueira para a Casa Civil? Isso talvez tenha dado base e força ao presidente. Muitos estão certos de que o presidente virou refém de vez dos fisiológicos, e eu mesmo pensei isso. Mas foi Bolsonaro quem se rendeu, ou foi o centrão que se deu conta de que sem Bolsonaro é Foro de SP de volta ao poder, já que a tal terceira via é uma piada que não decola?!

O centrão quer preservar as galinhas dos ovos de ouro, e por isso se livrou de Dilma com o impeachment. O PT é guloso demais, totalitário e incompetente. Foi no governo Temer, ex-vice de Dilma, que o país começou uma etapa de reformas liberais, com a "Ponte Para o Futuro", do MDB. O centrão sabe que precisa evitar o destino venezuelano. Prefere uma "terceira via", sem dúvida, mas ela não está na mesa como opção concreta. E entre Lula e Bolsonaro, muitos acham Bolsonaro o mal menor.

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Em suma, foi o melhor discurso de Bolsonaro até hoje. E o mais importante também. O voto democrático transparente é a coisa mais relevante para nossa democracia hoje. Ninguém atento confia nesse sistema, só adotado por Butão e Bangladesh e que depende basicamente da confiança cega em Barroso e companhia. Bolsonaro passou seu recado, e deve colocar uma multidão nas ruas domingo. E isso vai escancarar a necessidade de mudanças. Ou isso, ou o risco de uma convulsão social ano que vem. Ninguém vai acreditar numa eventual vitória do corrupto que sequer pode sair às ruas, mas é o favorito em pesquisas suspeitas.

Por fim, Bolsonaro fez o alerta: ninguém se apavora com a ameaça direta de Dirceu?! Quem conhece o modus operandi do Foro de SP tem que levar a sério quando a cabeça por trás da estratégia petista diz que eles podem até perder nas urnas, mas terão o poder de qualquer jeito. Não é jogo de palavras ou retórica vazia quando vem de um soldado comunista treinado em Cuba.

Se o povo quiser seguir na direção da Argentina e Venezuela, que seja! É um suicídio coletivo, mas se for dentro da lisura do processo, uma escolha democrática, não haverá muito o que fazer para impedir. Mas se for nas sombras de um processo suspeito, aí não! O povo - e certamente as Forças Armadas - todos terão motivos de sobra para rejeitar e reagir. A quem interessa o caos? E quem pode ser contra maior transparência?