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Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

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O leilão do pré-sal realizado hoje demonstrou que a herança protecionista é uma realidade difícil de ser vencida. “O petróleo é nosso” é uma mentalidade compartilhada por muitas pessoas do atual governo, incluindo o próprio Jair Bolsonaro. Ainda assim, creio que temos muito a comemorar.

Percebo em muitas pessoas a expectativa de que o presidente da república as represente enquanto indivíduos. Cada uma esperando que ele seja sua imagem e semelhança. Porém, o próprio conceito de democracia impossibilita isso. Como já explicou F. A Hayek, democracia é a escolha do menor denominador comum de uma sociedade. Infelizmente, até entre os liberais há quem não entenda isso.

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Essa expectativa tão comum explica muito da impopularidade de Jair Bolsonaro. As pessoas não gostam dele por causa de suas frases infelizes e de suas manifestações religiosas. O que basta para muitas dizerem que não gostam do governo.

O fato que realmente importa é que Jair Bolsonaro está fazendo um bom trabalho.

Se sua comunicação institucional é desastrosa, o programa liberal em execução vai além do que poderíamos imaginar dez anos atrás. O novo pacto federativo apresentado ontem simboliza muito isso. O candidato que a esquerda dizia que implantaria uma ditadura no Brasil está propondo a descentralização do poder, o que significa a transferência das decisões políticas e financeiras da capital federal para cada município.

Que ditadura, hein!

O ano não acabou, mas já foram aprovadas a reforma da previdência, a desburocratização de alguns setores, a extinção de alguns impostos e anunciados grandes programas de privatizações.

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Hoje, saiu na imprensa uma notícia sintomática: a transferência de grandes multinacionais da Argentina para o Brasil. Ok, sabemos que sobram razões para qualquer empresário fugir daquele país, mas ele poderia ir para outro. Para o Chile ou para o Uruguai, ou mesmo para o Paraguai, que já vem acolhendo empresas brasileiras.

Como sabemos que nenhuma grande empresa faz suas apostas baseadas em crenças ideológicas, mas em projeções de mercado, é de se comemorar o que está acontecendo.

É sempre bom olharmos para trás para valorizar o que temos.

A esquerda liderada pelo PT compara os números do governo Jair Bolsonaro com os números do último ano do governo Lula e até mesmo à média dos dois governos do petista. O cinismo de sempre.

O primeiro governo Lula foi baseado no programa econômico de FHC, desenhado pelo liberal Gustavo Franco. Se formos comparar a média do governo Lula com a média do crescimento mundial, veremos que o Brasil ficou atrás. (ver gráfico)

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A narrativa petista ainda ignora o governo Dilma, período no qual explodiu a crise fomentada pelo programa intervencionista e corrupto iniciado por Lula. Esses anos que os petistas tentam retirar da história fizeram o Brasil perder mais de 8% do PIB e a dívida pública explodir.

O que os petistas não irão comparar é o primeiro ano de governo Lula com o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.

O Brasil chegou ao final de 2003 com queda de 2% no PIB, Risco-país em 468 pontos, inflação de 9,3%, SELIC de 16,5% e IBOVESPA em 22 mil pontos.

O Brasil está chegando ao final de 2019 com projeção do PIB em 0,8% positivo, Risco-Brasil em 117 pontos, inflação de 3%, juros de 5% e bolsa em 108 mil pontos.

O mais importante de tudo é que o Brasil está sendo empurrado para frente não mais por programas econômicos anabolizantes, que criam números fantásticos no começo e desastres mais adiante. Não é mais um crescimento subsidiado pelo governo. Paulo Guedes e equipe estão apenas melhorando o ambiente econômico, tornando-o mais fácil. Está sendo criado pela primeira vez na história do Brasil um ambiente para o capitalismo.

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Obviamente, ainda há um longo e pedregoso caminho a ser percorrido: a imprensa aloprada, as corporações de funcionários públicos, a esquerda endiabrada, as brigas internas do governo e o próprio espírito protecionista de Bolsonaro em algumas áreas; mas o Brasil é isso. Nada será mudado do dia para noite. Não dá para querer que um líder popular seja o liberal dos sonhos de cada um de nós.

Minha consciência libertária não me permite ser um grande otimista sobre a relação entre governo e indivíduos, porém, não dá para passar a vida resmungando. Devemos olhar para trás de vez em quando, para ver se pelo menos estamos um pouquinho melhor do que antes. Acredito que estamos bem melhor.