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O que a quarentena tem mostrado diariamente
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Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

A reabertura dos bares no Rio virou matéria de indignação da mídia engajada. Depois de mais de 100 dias confinadas, por ordem de leis de distanciamento draconianas, mal planejadas e executadas indistintamente – obrigando inclusive pessoas para quem o risco associado ao vírus é muito baixo ou inexistente -, era previsível o que aconteceu ontem.

Reparem que as pessoas que estavam nos bares não eram mal educadas ou desinformadas. Pelo contrário: sou capaz de apostar que a grande maioria tem nível superior e de informação bem acima da média. Não estavam ali porque desconheciam os riscos associados àquele comportamento, mas porque estavam dispostas a encará-los. Não são, portanto, pessoas que precisem da tutela do Estado ou da mídia para lhes dizer o que é melhor para elas.

“Ah!, mas essa gente pode adquirir o vírus e repassá-lo a outras pessoas, inclusive dos grupos de risco”. Sim, claro que podem, e quase certamente estão cientes disso também. Não acredito que houvesse ali muitas pessoas que convivem com pais e avós no mesmo domicílio, mas, ainda que houvesse, são indivíduos perfeitamente capazes de fazer suas escolhas e arcar com as consequências delas a partir das informações abundantes que temos hoje.

“Ah!, mas são pessoas egoístas, que não pensam no bem comum”. Olha, meus caros, o ser humano é egoísta por natureza. Ou vocês acham que eles são mais egoístas do que aqueles que pretendiam manter a quarentena ampla, geral e irrestrita até a vacina, por medo de adquirirem, elas mesmas ou algum ente querido, o vírus?

O que esta quarentena tem mostrado diariamente, de forma clara e insofismável, é algo que Adam Smith inferiu há mais de 200 anos: que os governantes (ou os “homens do sistema”, como ele chamava) nunca conseguirão organizar os indivíduos de uma grande sociedade como se movimentassem as diferentes peças num tabuleiro de xadrez. Simplesmente porque, no grande xadrez da vida, cada peça tem um movimento próprio, de modo geral diferente daquele que o planejador/legislador gostaria de imprimir sobre ela.

Talvez, no dia em que os “homens do sistema” entenderem esta lição simples, deixarão de pensar que podem moldar a natureza humana por decreto…

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