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Perguntas ao senador Flavio Bolsonaro
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O site O Antagonista revelou que o senador Flavio Bolsonaro comprou uma mansão em região nobre de Brasília por cerca de R$ 6 milhões. A primeira reação de muitos bolsonaristas foi atacar o mensageiro. Até se compreende: o veículo é um portal de fofocas e antibolsonarista histérico. Mas ficava a questão: e se for verdade?

Ao saber do caso, desabafei: Que escárnio!!! É muito sem noção mesmo. Duro até de acreditar que o sujeito seja tão imbecil a esse ponto. Qual é a explicação??? Uma ala bolsonarista passou então a me atacar, por confiar nos "antas", sendo que alguns já preparavam a justificativa: qual o problema?

Eu acrescentei, para manter o benefício da dúvida: Se ficar provado que é Fake News eu peço desculpas ao senador em público. Já se for verdade, eu, como cidadão, jornalista e conservador, exijo uma boa explicação, pois é incompatível com sua renda, sem falar do péssimo momento para um luxo extravagante desses. Qual a verdade? Todos que estão apostando se tratar de Fake News vão mudar o discurso se ficar comprovado que o senador comprou mesmo a casa? Vão partir para a narrativa de que não tem nada demais?

Agora que o senador confirmou, essa turma já prepara o discurso do "e daí?!", como se não fosse nada demais. Discordo veementemente, e tenho perguntas ao senador:

  1. Se seu patrimônio declarado era menor do que dois milhões de reais na última eleição, como conseguiu dar três milhões de reais só de entrada?
  2. 360 parcelas para somar os outros três milhões, mais os 5% de juros anuais (R$ 150 mil), levam a um gasto mensal da ordem de vinte mil reais. Como isso é compatível com seu salário de senador?
  3. A taxa de juros de 5% parece bem camarada, e foi obtida num banco estatal. O senhor conseguiria taxa similar num banco privado?
  4. Outra pessoa com renda similar consegue no mesmo banco uma mesma taxa?
  5. A região onde se encontra a casa é bem valorizada, há outras à venda por cerca de dez milhões, e pela metragem e qualidade da sua casa, conforme se pode ver em vídeos, os seis milhões parecem bem subvalorizados. O valor de mercado é esse mesmo?
  6. Qual o custo de manutenção de uma casa dessas, com piscina, jardim grande e mais de mil metros quadrados de construção? Isso entrou na conta para seu orçamento?
  7. Sua esposa é dentista, ela ganha o suficiente para colaborar com essas despesas nababescas?
  8. Assumindo que há boas respostas para todas as perguntas acima, fica talvez a principal delas para o fim: o senhor achou que era o momento oportuno para uma extravagância dessas, sendo que é acusado de "rachadinha" (peculato) e vem fugindo do encontro com a Justiça, apelando para todos os subterfúgios legais para protelar o caso?

Alguns direitistas acham que fazer tais questionamentos é dar munição à esquerda. Eu já penso que quem mais dá munição aos esquerdistas é o senador Flavio Bolsonaro, um fio desencapado para seu pai, um problema constante que já pode ter custado caro demais ao país por tornar Jair Bolsonaro refém do "centrão".

Minha preocupação com a volta da esquerda ao poder é enorme, e o risco argentino está ao lado para mostrar o perigo. Também procuro ter senso de prioridades e de proporção nas críticas que faço ao governo, para não virar um dos antibolsonaristas histéricos que agem como instrumentos da esquerda.

Mas a grande diferença entre esquerda e direita é que esta segue princípios, aquela segue interesses. A família Bolsonaro vai passar, o Brasil fica. O meu compromisso é com a causa liberal-conservadora, com o país, com a agenda de reformas, não com o atual governante. Quem pede lealdade a uma pessoa não entendeu muito bem o conceito do liberalismo conservador.

O senador deve explicações. Se ele as apresentar e forem convincentes, ótimo! Serei o primeiro a reconhecer as injustiças. Caso contrário, reservo-me o direito de todo cidadão e principalmente jornalista de cobrar o básico: como um senador que atua no setor público há anos conseguiu comprar uma mansão dessas?!

Lembro uma vez que Paulo Guedes, então meu chefe, disse que encontrara um senador num voo, classe executiva, para a Europa, e ele dizia que os servidores públicos, políticos, queriam ter o estilo de vida dos empresários e empreendedores que arriscaram seu capital para enriquecer. Confundem o capital político com o financeiro.

Se alguém já é rico e vira senador, isso é uma coisa; se alguém vira senador e fica rico, isso é outra, bem diferente. A sociedade tem que cobrar explicações!

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