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Polarização radical interessa a PT e Bolsonaro
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Lula está livre, ainda que condenado por corrupção, e saiu incitando ódio e violência, dizendo-se mais radical ainda à esquerda, e conclamando seus cúmplices a "atacar", como baderneiros fizeram no Chile. Era tudo o que os bolsonaristas radicais desejavam.

Como resumiu o editorial do Estadão deste domingo: "O resultado disso tudo é a retomada da polarização que tanto mal tem feito ao País nos últimos anos. O entrevero entre lulopetistas e bolsonaristas reduz a política a uma briga de rua, que só faz sentido para os valentões. Nos dois lados, não se discutem problemas reais, e sim mistificações e conspirações, que em nada colaboram para a construção de um País melhor. Ao contrário, interditam qualquer possibilidade de diálogo, única maneira de alcançar consensos mínimos para a adoção bem-sucedida de políticas públicas".

O ministro da Educação Abraham Weintraub falou em "reagrupar": "Precisamos reconhecer os erros, identificar os responsáveis e REAGRUPAR!! Juntos, lutando pela LIBERDADE, não seremos derrotados! Essa tigrada não vai escravizar nossos filhos como em Cuba ou na Venezuela!", escreveu. Vários líderes bolsonaristas foram na mesma linha. Mas o chamado foi encarado com ceticismo por todos aqueles que vinham criticando erros do governo e da ala mais fanática ligada aos filhos do presidente. Essa turma vai reconhecer que nomear o amigo de Toffoli na AGU e um PGR também favorável a seu inquérito ilegal foram “erros”? Vai pedir desculpas por todos os ataques baixos que produziu nas redes sociais aos críticos e desafetos nos últimos meses?

Claro que a polarização interessa ao bolsonarismo, até porque todos os liberais e conservadores sabem que o petismo é muito pior mesmo. Mas isso não quer dizer adesão, pois essa direita é independente, não tem vocação para agir de forma bovina. A prova foi dada no sábado mesmo, nas manifestações que encheram as ruas do país pressionando o Congresso para mudar a questão da prisão em segunda instância. Não houve organização ou mesmo apoio dessa militância bolsonarista, até porque o presidente não quer se indispor com Toffoli e demais ministros do STF.

Não tenho a menor dúvida que numa eventual reprise de 2018, com uma eleição plebiscitária, muitos votariam na reeleição de Bolsonaro para impedir volta do PT, e outros anulariam o voto, decepcionados com o atual governo, em especial na questão ética. Mas não esperem dessa gente uma postura de gado, de abaixar a cabeça para tudo que Bolsonaro disser ou fizer, só porque existe a ameaça petista.

"Mais do que nunca, é preciso que os partidos e movimentos que se posicionam mais ao centro consigam se manter vivos no ar rarefeito da radicalização e se façam ouvir em meio à gritaria dos que nada têm a oferecer ao País", escreveu o Estadão. "A hora é de serenidade e de convicções democráticas firmes por parte dos brasileiros que não perderam o juízo", concluiu. Estou parcialmente de acordo. Não podemos perder a capacidade de indignação e mobilização. Mas certamente não podemos aderir a essa "briga de rua" dos "valentões", à esquerda ou à direita.

A retórica da ameaça venezuelana é útil ao bolsonarismo, mas cabe lembrar que perde sentido se a alternativa não for o PT, e sim alguém de centro-esquerda (Huck?) ou centro (Doria?). Ninguém pode levar a sério que o Brasil será uma Venezuela nesses casos...

Isso não quer dizer, por óbvio, que uma alternativa de centro-esquerda seja desejável pela ótica de um liberal ou um conservador. Estou apenas dizendo que, nesse caso, é preciso vencer com argumentos, não com o medo do fantasma comunista, por mais real que ele seja em se tratando do petismo.

Por fim, é curioso como já tem gente, agora, elogiando a polarização como saudável à democracia. Estavam só esperando o seu líder sair da jaula, pois se sentiam enfraquecidos num combate sem seu principal pugilista...

Um jornalista da GloboNews, por exemplo, mal conseguia disfarçar sua felicidade com a soltura do marginal petista. Alegava que as "diferenças" são saudáveis para a democracia. Com figuras golpistas e corruptas como Lula, incitando violência, não há nada de "saudável" nas diferenças ou nada de "democracia" nisso. Vamos "debater" se queremos virar Venezuela? Doideira.

É tal postura por parte da esquerda e da mídia que fomenta a reação bolsonarista. Bolsonaro, aliás, conta com isso para ser reeleito. Se o embate não for apenas contra o petismo, com seu apoio implícito por parte dos jornalistas, o radicalismo perde sua força, e aí teremos de debater ideias e projetos. Nesse caso, Bolsonaro terá de contar mais com os ministros Guedes, Moro e Tarcísio do que com o guru Olavo de Carvalho. É o que o Brasil decente espera!

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