Ouça este conteúdo

Após a reeleição do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, em um pleito de fachada, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a permanência no poder do latino-americano com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que completou 16 anos à frente do país europeu.

CARREGANDO :)

"Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que o Felipe González [primeiro-ministro da Espanha entre 1982 e 1996] pode ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?", questionou o petista em entrevista ao jornal espanhol El País.

Lula respondia à pergunta feita pelas jornalistas sobre a situação na Nicarágua. No início do mês, Ortega, 75, ganhou a eleição em que disputou o quarto mandato consecutivo. Ao lado da mulher, Rosario Murillo, sua vice, ele concorreu com cinco outros candidatos —todos parte do teatro, já que são aliados do governo.

Publicidade

Vamos ajudar Lula a compreender, então, o óbvio ululante. Merkel, para começo de conversa, foi chanceler da Alemanha. A Alemanha é uma democracia constitucional federal, cujo sistema político foi criado com a constituição de 1949, chamada Grundgesetz (Lei Básica). Tem um sistema parlamentar em que o chefe de governo, o Bundeskanzler (Chanceler), é eleito pelo parlamento.

Ou seja, em regimes parlamentares, o chanceler ou o primeiro-ministro podem ficar mais tempo no comando sem que isso represente uma enorme concentração de poder em sua pessoa, pois a qualquer momento o Parlamento pode retira-lo. Não é a mesma situação em um Presidencialismo como o nosso ou o americano. Lula poderia ter citado Roosevelt, e teria um ponto menos absurdo.

Mas aí vem o mais ridículo de tudo, que os próprios entrevistadores apontaram para o ex-presidiário brasileiro: essas pessoas mencionadas por Lula não se mantiveram no poder por meio de ameaças, intimidação, prisões arbitrárias, censura à imprensa etc. Ou seja, jogaram dentro das regras do jogo democrático, ao contrário dos companheiros socialistas de Lula do Foro de SP.

Democracia não é apenas votar de quatro em quatro anos. Pressupõe liberdade de imprensa, Poder Judiciário independente, pluralismo partidário, eleições transparentes e por aí vai. Todos sabem que nada parecido existe na Venezuela, em Cuba ou na Nicarágua, países sob ditaduras socialistas aplaudidas por Lula e seu PT.

O simulacro de democracia por meio de "eleições" sujas e controladas é apenas a homenagem que o vício presta à virtude: esses tiranos sabem que o mundo prefere democracia, então oferecem um teatro (vagabundo) para fingir que engana trouxas. E Lula faz o papel de bobo da corte, pois quer instaurar o mesmo autoritarismo no Brasil.

Publicidade

O PT não perde uma oportunidade para defender ditaduras. A ex-presidente Dilma Rousseff também teceu elogios ao regime comunista chinês. Segundo ela, o modelo chinês é "admirável" e "representa luz contra a decadência ocidental". A China nem finge ser democrática, e mesmo assim os petistas enaltecem o regime que prende dissidentes e mantém campos de reeducação em pleno século 21.

Quem ainda finge que o PT é democrático e que Lula não tem claras ambições ditatoriais é cúmplice de um golpe escancarado, e que nem o ex-presidiário tenta disfarçar muito. Se você acha que a Alemanha tem democracia e mesmo assim Merkel ficou tanto tempo como chanceler, então quem é você para criticar Maduro ou Ortega? Eis a "lógica" do bajulador de tiranias Luís Inácio Lula da Silva, esse que militantes disfarçados de jornalistas chamam de "moderado".