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Trump tem direito de indicar novo juiz para a Suprema Corte – mas o choro é livre!
| Foto: AP

A morte de Ruth Bader Ginsburg, justice (o equivalente a ministra no Brasil) da ala mais progressista da Suprema Corte Americana, foi recebida com muito agito nos Estados Unidos, "uma bomba num campo já totalmente minado da política americana", como descreveu Ana Paula Henkel.

É fácil entender o motivo: o balanço ideológico na Suprema Corte vai finalmente pender para o lado conservador se Trump indicar um substituto logo, e isso costuma ter mais impacto e influência no longo prazo até do que a eleição para presidente.

Em 2016, não por acaso, Trump divulgou a lista de potenciais candidatos que apontaria para a Corte, e muitos conservadores fizeram campanha para o republicano com base na ideia de que não eram os próximos 4, mas os próximos 40 anos em jogo. Esse ano ele fez a mesma coisa, e cobrou do adversário postura similar, em vão. Biden sabe que se mostrar sua lista, a essência radical de sua candidatura, mascarada por sua aparência de moderado, ficará exposta em praça pública.

Nós, brasileiros, sabemos como um STF aparelhado e politizado pode causar estragos. Os conservadores tentam impedir exatamente isso, enquanto os democratas progressistas insistem em indicar juízes com perfil ativista, do tipo que ignora o que está escrito na Constituição para legislar. A esquerda perde eleições, mas tanta controlar o destino do país no tapetão. José Dirceu chegou a se gabar disso: podem até perder nas urnas, mas vão conquistar o poder de qualquer jeito.

Por isso mesmo os democratas estão em polvorosa. Joe Biden já disse que o próximo presidente é quem deveria escolher um substituto, mas Obama, quando presidente, indicou juiz no último ano de mandato também. O que seria da esquerda sem a hipocrisia, seu eterno duplo padrão, o típico "faça o que eu digo, não o que eu faço"?

E vale notar que a própria Ruth, em entrevista recente, disse que o mandato tem 4, não 3 anos, ou seja, claro que cabe ao atual presidente a escolha. Mas o choro é livre, claro.

Em tempo: o ex-juiz Sergio Moro, ao lamentar a morte de Ruth, elogiou sua "luta pela igualdade das mulheres". É preciso lembrar que Ruth representava a ala “progressista” da Corte, o OPOSTO de um Antonin Scalia, originalista apontado por Reagan. Elogiar a visão POLÍTICA dela, portanto, é se colocar na ESQUERDA.

Barroso tem visão similar, e por isso mesmo é um dos mais ativistas no nosso Supremo. Sobre a perda, ele comentou: "Ruth Ginsburg marcou época como advogada e como juíza. A história é um processo social coletivo. Mas há pessoas que fazem toda a diferença".

Sem dúvida que o indivíduo pode mudar a história. Mas a diferença pode ser para pior também. Daí a importância de sólidas instituições, para impedir o arbítrio voluntarista de certos indivíduos, que se consideram "ungidos" e desejam "empurrar a história" e promover a "justiça racial" ou coisas do tipo.

Como faz falta um juiz que aceite a missão mais humilde, porém fundamental, de fazer valer a lei.

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