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Uma singela homenagem a dois grandes banqueiros
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Amanheci hoje com a notícia do falecimento de Joseph Safra, um dos homens mais ricos do Brasil e um gigante no mundo das finanças. Há menos de três meses, perdemos também Aloysio de Andrade Faria, que fez do Banco Real uma potência no país. Ambos eram grandes homens de negócios, que investiram pesado em diversos setores da economia, e também bastante discretos.

Num mundo que gosta de demonizar banqueiros, desde a tirada mais irônica de Mark Twain, definindo o banqueiro como aquele que te empresta o guarda-chuva no dia de sol e o pede de volta quando chove, até os leninistas raivosos e ignorantes que alegam que roubar um banco não é nada perto de fundar um, creio que seja adequado fazer uma breve defesa do papel dessa instituição no progresso da nação.

A esquerda tem apenas um passatempo preferido ao antiamericanismo infantil: o ódio aos banqueiros. Os banqueiros são tratados como os párias da nação, os gananciosos insensíveis responsáveis por todas as nossas desgraças. Há só um pequeno detalhe: o maior banqueiro do país, de longe, é o próprio estado.

O Brasil, nesse aspecto (e em tantos outros), é um bom aluno marxista. Afinal, Marx, em seu O Manifesto Comunista, escrito com o herdeiro de indústria têxtil Engels, propõe a concentração do crédito no estado como um dos instrumentos para chegar ao “sonhado” comunismo. Estamos quase lá, com cerca de metade do crédito total nas mãos de bancos estatais.

É nisso que dá ter um banqueiro estatal tão grande: ele distorce totalmente a economia, a alocação de recursos, que deixa de seguir critérios econômicos e passa a responder aos interesses políticos e eleitoreiros. O maior banqueiro do Brasil é um populista míope que não liga para o amanhã, apenas para o hoje, o aqui e agora, o dia das eleições. Basta pensar nos escândalos de corrupção da era petista para ter noção do risco disso.

Presume-se que no capitalismo o capital tenha alguma relevância. Pois bem: ele deveria ser alocado da forma mais livre possível, com base em critérios econômicos, na lei de oferta e demanda. Eis a forma mais eficiente que conhecemos. Mas no Brasil estamos muito longe disso.

A intermediação financeira é fundamental para o bom funcionamento da economia. Será que ela pode ser feita de forma mais eficiente pelo governo do que pelo mercado? Existem pelo menos dois importantes pontos contrários ao governo: a utilização de recursos da “viúva”, afrouxando o escrutínio sobre os riscos; e a presença de interesses político-eleitoreiros. Enquanto empresários precisam pensar na sobrevivência de sua empresa num futuro distante, políticos costumam pensar nas próximas eleições.

O setor financeiro é importante demais para ser dominado pelo governo. O crescimento econômico sustentável não é fruto da caneta milagrosa do estado, mas de uma ampla liberdade econômica que permite alocações eficientes dos recursos. O nosso “capitalismo de estado” tem servido para concentrar renda e beneficiar grandes empresários próximos ao poder, além de canalizar recursos com viés ideológico.

Os bancos comerciais fazem o elo entre poupadores e investidores, representam o coração da economia, bombeando o oxigênio (capital) para quem pode dar um destino melhor, mais produtivo e eficiente, a ele. Não são perfeitos, claro, ainda mais quando um banco central garante uma rede de proteção no caso de falta de liquidez, o que gera o efeito "moral hazard" e torna os bancos mais ousados e irresponsáveis nos empréstimos. Mas a solução para essa "falha de mercado" (na verdade é do governo) não deve ser mais concentração de poder no próprio estado, o que produz somente cartéis.

Tanto Aloysio Faria como Joseph Safra criaram dois enormes bancos, sólidos e bem-sucedidos. Após vender o Real para o grupo ABN Amro, Faria fundou o Grupo Alfa, um conglomerado de diversas empresas que inclui o Transamerica Expo Center, Banco Alfa, C&C Casa e Construção, rede de Hotéis Transamérica e a rede de sorveterias La Basque, além da Agropalma, que é a maior empresa de óleo de palma da América Latina. Ao longo dos anos, Safra diversificou seus negócios em diversos campos, com destaque para o mercado de Private Equity em empresas como a Aracruz Celulose. Também esteve à frente das empresas de telefonia móvel BCP e Cellcom (israelense).

Ou seja, além da ideia de bancos não "produzirem" nada ser absolutamente equivocada, os dois banqueiros investiram na "economia real" também. Geraram milhares de empregos diretos e indiretos, e contribuíram para uma maior eficiência da economia. Os empreendedores - e sim, isso inclui os banqueiros - merecem mais reconhecimento no Brasil, um país ainda dominado demais pela mentalidade marxista.

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