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Vacinação e politicagem
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Na coletiva de imprensa que até um jornal de esquerda chamou de “confusa”, além de anunciar novas medidas restritivas, o governador de São Paulo conclamou o governo federal a comprar mais vacinas, e chegou a pedir um relaxamento dos critérios da Anvisa.

Sobre o lockdown, vale lembrar que não há qualquer comprovação científica de sua eficácia, e que se trata de uma medida drástica, arbitrária e autoritária, que vem prejudicando comerciantes e a população em geral. É como se o vírus escolhesse a hora do contágio, ou não contaminasse ninguém nas aglomerações durante o dia, no metrô e no ônibus.

Mas voltemos à vacina: o que Doria queria, ao reclamar da quantidade de doses disponíveis no país, era obviamente alfinetar uma vez mais o governo federal e, portanto, o presidente Bolsonaro. Doria parece obcecado com 2022. Só há um pequeno detalhe: o Brasil não está mal na foto quando o assunto é vacinação.

O mesmo jornal destacava: “Vacinação na Europa tropeça em escassez, desinformação e desorganização”. O subtítulo diz: “Fornecedores cortaram remessas prometidas, e falha de comunicação levou a rejeição de vacinas da AstraZeneca na Alemanha e na França”. Os laboratórios não estão dando conta do recado. A AstraZeneca, segunda maior fornecedora, deve entregar apenas 40 milhões dos 90 milhões de doses encomendados no primeiro trimestre, e há prenúncios de problemas também no segundo trimestre.

A Angela Merkel, tão elogiada por nossa mídia como exemplo de gestão científica na pandemia, tem sido crucificada pela imprensa local, e não é para menos. Na Alemanha, falhas de comunicação que especialistas chamaram de "desastrosas" contribuíram para elevar a rejeição da população à vacina da AstraZeneca. O lockdown se mostrou um fracasso. O resultado é péssimo em geral.

Diante desse quadro geral, constatar que o Brasil, um país com dimensão continental, relativamente pobre e com mais de 200 milhões de habitantes, está entre os dez que mais vacinaram no mundo em termos absolutos e entre os vinte em termos relativos deveria ser motivo para algum orgulho. Não obstante, jornalistas e governadores oportunistas insistem no discurso da suposta lentidão de nossa vacinação.

Como fica claro, tudo não passa de politicagem barata de olho em 2022. Doria quer se vender como o gestor da ciência preocupado unicamente com as vidas, contra um Bolsonaro que seria um obscurantista e insensível, quiçá um genocida. Esse tipo de discurso não se sustenta por um segundo que seja. Daí vem a pergunta: e para a politicagem barata e sensacionalista, já temos alguma vacina disponível ou só a resposta nas urnas mesmo?

Artigo originalmente publicado pelo ND+

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