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Líder da greve de 2018, Chorão disse à Gazeta que não incentiva caminhoneiros a irem em ato pró-Bolsonaro representando a categoria.
Chorão, líder da greve de 2018 e presidente da Abrava| Foto: Divulgação Abrava

Líder da greve dos caminhoneiros que parou o país em 2018 e presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, está orientando os profissionais da categoria a não irem ao ato em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no próximo domingo (25) identificados como caminhoneiros. O objetivo é evitar ruídos na interlocução do setor com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"A orientação é não participar para não sofrer represália do atual governo. Quem quiser ir deve se identificar como cidadão, e não como caminhoneiro", disse ele. "Alguns grupos ficam usando o nome dos caminhoneiros e acabam atrapalhando o diálogo com o atual governo. Como a pessoa vai sentar na mesa com a gente se ver que estamos lutando contra a sua gestão?", questionou.

De acordo com Chorão, a diminuição da demanda do agronegócio pelos fretes por conta da falta de chuvas que diminuiu as colheitas praticamente pela metade é um motivo a mais para manter os caminhoneiros longe de assuntos polêmicos relacionados a Bolsonaro que podem prejudicá-los financeiramente.

"Estou muito preocupado esse ano com a questão do trabalho, empresários do ramo de transporte de carros novos também estão preocupados porque a demanda reduziu demais. De fato precisamos sentar com o atual governo para ver como vamos tratar isso e como o transportador vai sobreviver, principalmente o autônomo", diz ele.

Caminhoneiros se decepcionaram com governo Bolsonaro

Apesar de terem sido uma importante base na campanha do então candidato à presidência da República em 2018, as associações de caminhoneiros afirmam que se decepcionaram ao não terem suas demandas atendidas junto ao governo Bolsonaro e ao então ministro de Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na época, os preços do combustível sofreram um boom em todo mundo por conta da pandemia.

"Uma boa parcela da categoria apoiava e apoia o ex-presidente porque ainda existe aquela ilusão, mas nada mudou pro segmento, tanto no governo anterior como no atual. Precisamos voltar para a racionalidade e lutar pelas pautas do nosso setor, e não por um candidato, seja ex-presidente ou atual presidente", disse Chorão.

As associações de sindicatos que representam os caminhões-tanque optaram pelo mesmo posicionamento de não se envolverem no ato pró-Bolsonaro. De acordo com Ailton Gomes, presidente da Associtanque-RJ, as demandas dos caminhoneiros estão sendo melhor atendidas que no governo Bolsonaro. "Em 2014, em 2018, em 2019 e em 2022 nós estivemos presentes, mas dessa vez ninguém da parte de transporte e combustíveis está junto", diz ele.

"Hoje o presidente em exercício é o Lula e o nosso ministro de transportes é o Renan Filho (MDB). A gente se relaciona com eles e até o momento temos uma porta bem mais aberta, eles nos ouvem de forma melhor que os anteriores, que eram o Tarcísio e o Bolsonaro", diz ele, que afirma que está discutindo com Renan Filho os Pontos de Parada e Descanso (PTDs) a cada 150 ou 200 quilômetros de rodovia.

Sandro Carlos, presidente do Sinditanque-SP, adota a mesma visão em relação à manifestação. "Entra governo, sai governo e ninguém resolve a questão do transporte. Estamos com a mentalidade de lutar pelo transporte e não tomar partido. Nós vamos apoiar aquele que trabalha pelo transporte, não adianta ter um governo A ou B e nenhum deles dar atenção à categoria", diz ele.

"Estamos preocupados com outras questões como as dificuldades que as empresas estão passando com o valor do frete, a remuneração do trabalho e a lei da jornada do descanso do motorista", complementou.

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