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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), defende uma ampla aliança de centro-direita nas eleições municipais de 2024
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)| Foto: Edson Lopes Jr/SECOM Prefeitura de São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), recebeu na última terça-feira (30) a reportagem da Gazeta do Povo em seu gabinete no centro de São Paulo e se colocou como a melhor opção para uma ampla frente de centro-direita que faça oposição à aliança de esquerda com Guilherme Boulos (PSOL) e o PT. As afirmações ocorrem em um momento em que o ex-ministro e deputado federal Ricardo Salles tenta se firmar como o candidato do PL em São Paulo e disputa o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Não teve na história da eleição da cidade um perfil para extrema direita. Está bem claro no comportamento do eleitor. Então uma candidatura mais estabilizada, com alguém que não seja tão radical, e que possa mostrar que vai tocar a cidade sem grandes impactos, me parece que é o perfil mais apropriado para o eleitor", disse Nunes, jogando o adversário nas "prévias" para o extremo ideológico.

"É por isso que eu tenho tentado mostrar para os partidos que a gente pode ter uma boa vitória com ações visando um resultado baseado nesse histórico, ou seja, alguém de centro que consiga aglutinar a direita, que consiga fazer uma candidatura de centro-direita. Dessa maneira, é muito provável que a gente consiga ter uma uma eleição e ganhar", completou.

Na estante atrás de sua mesa, um grande retrato de Bruno Covas (PSDB) faz reverência ao ex-prefeito falecido em decorrência de um câncer, em maio de 2021. Desde então, Nunes, que era seu vice, assumiu a prefeitura da quarta maior metrópole do mundo. Com programas que visam "fazer história", como o maior recapeamento de vias da cidade, com 20 milhões de m² e investimento total de R$ 2,5 bilhões, e um grande número de criação de vagas em abrigos para pessoas em situação de rua, Nunes falou à Gazeta do Povo sobre sua gestão, seus planos para a reeleição e seu relacionamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O Guilherme Boulos, do PSOL, e o PT, fizeram uma aliança para as próximas eleições municipais. Como o senhor vê a necessidade de uma aliança de centro-direita?
Não dá para desconsiderar a união deles. Não teve na história da eleição da cidade um perfil para extrema direita. Está bem claro no comportamento do eleitor. Uma candidatura mais estabilizada, com alguém que não seja tão radical, e que possa mostrar que vai tocar a cidade sem grandes impactos, me parece que é o perfil mais apropriado para o eleitor. É por isso que eu tenho tentado mostrar para os partidos que a gente pode ter uma boa vitória com ações visando um resultado baseado nesse histórico, ou seja, alguém de centro que consiga aglutinar a direita, e que consiga fazer uma candidatura de centro-direita. É muito provável que dessa maneira a gente consiga ganhar a eleição.

Como o senhor analisa a maneira como o Boulos tem posicionado sua imagem?
Claro que a cidade rejeita quem é o Boulos original, mas há o Boulos fake, que a gente tem visto dar entrevista, de paletó, com estande de livros no fundo, com uma mesa, com uma fala mais suave. Não é ele, porque o que temos de imagem dele real é ele na porta da Fiesp quebrando, invadindo, agredindo, sendo preso por esse tipo de comportamento. Mas se construírem uma imagem fake dele, corremos o risco de o eleitor ser induzido a um erro. Temos que estar preparados para isso.

Podemos em uma união de forças de centro-direita ter uma boa vitória aqui, mesmo com todos os artifícios que a esquerda tem utilizado para transformar um personagem altamente agressivo que desrespeita as leis em alguém construído de uma imagem de bonzinho. Seria muito ruim porque, passada a campanha, aquela maquiagem se desfaz e a gente vai ter o caos na cidade.

Tudo aquilo que a gente fez que começou lá em 2017, de deixar a casa em ordem, de poder fazer da cidade uma cidade com alto poder de investimento, com geração de emprego e renda, capacidade de trazer mais investidores, colocar obras importantes para a cidade, corremos o risco de jogar tudo isso por água abaixo.

Como estão as conversas com os partidos para a formação de alianças nas eleições do ano que vem?
Nas eleições de 2020, na chapa Bruno Covas e eu, já tivemos uma grande aliança de 11 partidos, com o PL, o Podemos, o PP, o PSC, o MDB, o DEM, que agora virou o União Brasil, o PSDB. Todos esses partidos já fizeram parte da nossa Coligação 2020, que foi vencedora e deu continuidade ao governo estamos administrando. Infelizmente perdemos o Bruno no dia 16 de maio, tão novo. Estamos honrando o compromisso que fizemos com a sociedade. A tendência é que essa grande aliança continue porque o PL continua participando do governo. Os outros partidos é a mesma coisa, PP, Podemos, União Brasil, PSDB, têm falado abertamente da importância de estar junto com a gente no projeto.

E o Republicanos, que tem um nome muito forte, do governador Tarcísio?
O Republicanos é o único que não esteve com a gente na chapa em 2020, mas os vereadores votam com a gente no governo, temos uma relação muito boa, de muita proximidade. A última avaliação que tivemos, mesmo enfrentando essa pandemia toda, foi de uma aprovação de 53%. A simpatia do governador Tarcísio e a boa relação que temos deve naturalmente culminar em uma ação conjunta, porque temos feito um trabalho conjunto. É interessante para a prefeitura e é interessante que o governador dê continuidade nesse processo de tantas ações de políticas públicas que estamos fazendo em conjunto.

O PL tem um nome forte que é o ex-presidente Jair Bolsonaro. Como se dará o apoio do partido à candidatura do senhor, tendo em vista que o Ricardo Salles também é um potencial candidato?
A nossa relação com o PL começou lá atrás, inclusive na chapa de 2020, e a direção do PL continua a mesma. Evidentemente o presidente Bolsonaro exerce hoje uma grande influência, e deveria realmente exercer porque a presença dele no PL o tornou o maior partido do país, com 99 deputados federais, portanto com um tempo de televisão extraordinário e que tem um peso muito forte na eleição. Agora a minha relação muito boa com o PL eu acho que ajuda.

A eleição do ano que vem é municipal, portanto os diretórios municipais têm uma grande importância. O presidente do PL municipal, o vereador Isac Félix, já deu várias declarações, inclusive disse "se você soltar o Ricardo Salles no Jardim Ângela, ele não sabe como vai embora para casa". Outro dia eu vi outra declaração falando que ele é um aventureiro. Então ele não tem simpatia pela direção do PL municipal.

Por outro lado eles defendem abertamente continuar com a gente, não é nem vir me apoiar, mas continuar com a gente nesse projeto que até agora foi vencedor e tem tudo para ser vencedor em 2024.

O senhor saberia por que o ex-presidente Bolsonaro ainda não declarou abertamente apoio ao senhor?

Há mais ou menos um mês, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, me chamou para um almoço e estava presente o Bolsonaro. Evidentemente, como eu não tenho intimidade com o presidente Bolsonaro, eu não iria deixar ele constrangido e perguntar: "O senhor me apoia?". Mas entendi aquele convite do Valdemar como uma sinalização para o presidente Bolsonaro da boa relação que o PL tem comigo aqui em São Paulo.

E em um ambiente ali de almoço, uma coisa mais tranquila, sem tanta gente, pudemos conversar, nos conhecer um pouco. Eu pude reiterar o agradecimento ao presidente Bolsonaro do acordo que a cidade de São Paulo fez com o seu governo, de zerar a dívida de R$ 25 bilhões da cidade com a questão do Campo de Marte. Nós pagamos R$ 280 milhões por mês de dívida. Expliquei para ele que temos 1.300 obras acontecendo simultaneamente na cidade, grande parte por conta desse acordo que a gente fez e deu à cidade uma capacidade de investimento bastante alta. Foi muito simpática a nossa conversa ali, comer aquele macarrão com molho de calabresa. E eles me convidaram para ir para a assembleia do evento do PL Mulher.

A participação do senhor no evento foi bem simbólica.
Fizeram o convite para eu subir no palanque, outros deputados não subiram, as deputadas sim porque era o evento do PL Mulher. A Michelle Bolsonaro me chamou ao microfone para falar os bairros da cidade que estavam ali.

Foram sinalizações que demonstram que existe uma harmonia com o entendimento do processo político que podemos viver no ano que vem. A eleição do prefeito da cidade de São Paulo é a mais importante do país e tem uma repercussão nacional. Além de influenciar na qualidade de vida das pessoas, dá uma sinalização da política para o país todo. Colocar alguém só para dividir e que não tem chance de ganhar, que inviabilizaria uma vitória no segundo turno?

As eleições para a prefeitura podem repercutir na reeleição do Tarcísio para governador ou até para a presidência. Há algum acordo em vista?
Na política não é tudo ferro e fogo, com combinados. Tem coisas que fluem naturalmente e que são processos normais de afinidade. O Tarcísio nunca me falou "olha, eu vou te apoiar". O que temos é uma relação de proximidade muito grande, uma amizade construída, um trabalho muito consolidado entre as parcerias do estado com a prefeitura em várias áreas. Eu percebo que ele sabe que eu gosto dele e que ele gosta de mim. Nos falamos sempre, no domingo mesmo ele me ligou, conversamos muito tempo sobre vários temas, é uma relação muito próxima. Evidente que se ele optar por outro caminho, vou saber respeitar, mas seria natural que ele estivesse nesse projeto me apoiando, nós temos estilos muito parecidos de gestão.

A tendência é que a gente esteja junto em 2024 e em 2026. Se o Tarcísio estiver no projeto para governador do Estado ou para presidente, eu vou estar com ele. Aprendi a respeitar e admirar ele demais.

Em quais aspectos?
Ele é fora do normal. Eu vim da periferia, sabe? Vim de escola pública. Tem algumas coisas que marcam muito a gente, que é o olhar para os mais necessitados. A esquerda sempre quer pegar essa pauta, mas de uma forma falsa. Nós não, a gente realmente fecha lá e leva o resultado. Quando tínhamos aquela imagem do Tarcísio do asfalto, ministro de obras, e então ele vira governador, aconteceu aquele caso do litoral Norte. Ele tinha acabado de ser eleito e está muito longe de um projeto de eleição, mas ele se mudou para lá. Você imagina o sentimento de acolhimento daquelas pessoas, de ter o governador lá, naquele momento tão desastroso de tanta gente perdendo a vida, gente soterrada, perdendo os parentes, entes queridos, desabrigadas, e o cara tá lá, né? Junto. Não é que ele foi, pegou um avião, desceu, entrou na frente de um monte de microfone, fez um discurso, foi embora e nunca mais voltou. Ele ficou lá desde o início até deixar tudo organizado com relação aos atendimentos. Ele cuida daquelas pessoas, está junto com elas, isso é algo muito marcante pra mim.

Algumas pesquisas apontam que o senhor ainda não é muito conhecido pelos paulistanos. Teria alguma estratégia para mudar isso?
Fazemos todos os meses a pesquisa Ipespe, um instituto comandado pelo [Antônio] Lavareda, cientista bastante conhecido e respeitado. Eles fizeram a seguinte pergunta: Quem é o prefeito de São Paulo? Das respostas, 75% fala que é Ricardo Nunes. A Paraná Pesquisas recentemente publicada faz outra coisa, ela pergunta: "Você conhece o prefeito de São Paulo?" Nela, 60% diz que sim, 40% diz que não.

Ainda assim o índice de conhecimento é muito alto se pensar na minha situação, que não disputei uma eleição como cabeça de chapa. É um número melhor do que outros prefeitos que assumiram na qualidade de vice. Evidentemente gostaria de ser mais conhecido, mas ando na rua e todo mundo bate foto.

Estamos fazendo 1.300 obras simultaneamente, nos bairros. Não tem lugar na cidade que não tenha obras da prefeitura, obras que mudam a vida das pessoas. Todas as mães da cidade têm creche. Tivemos na época do PT 120 mil crianças esperando uma fila de creche na cidade mais rica do Brasil. Fizemos o maior programa de recapeamento da história da cidade, completamos agora 5,8 milhões de metros quadrados, dá para ir daqui até Uruguai. Vou fazer 20 milhões de metros quadrados.

O senhor acredita que será possível cumprir 20 milhões de m² de asfaltamento até 2024, sendo que até agora se fez menos de um terço desse número?
Vai dar para fazer, e talvez até mais que 20 milhões, porque lancei outra licitação de mais R$ 300 milhões para fazer aquelas ruas que estão dentro do bairro mesmo, as via locais. Se o Tribunal de Contas não tivesse segurado tanto tempo, quase um ano, a minha licitação do Asfalto Novo, eu já estaria com 10 milhões de metros quadrados. É importante os órgãos de controle fiscalizarem, mas demora muito. Vou colocar 20 mil câmeras na cidade, inclusive com reconhecimento facial, para cuidar da segurança das pessoas. Estou desde agosto do ano passado tentando soltar essa licitação, agora que consegui liberar.

Eu tenho hoje 28 obras paradas no Tribunal de Contas. Se eles não estivessem me segurando lá, já estaria com muito mais obras em andamento, porque a cidade realmente conseguiu chegar no patamar de alta capacidade de investimento, e as pessoas vão perceber isso na eleição, porque vão ver o benefício ali, na porta ou dentro de casa.

Foi instalada na Alesp uma CPI que investigará o tratamento hormonal para transição de gênero de crianças e adolescentes no Hospital das Clínicas da USP. Um vereador também quer abrir uma CPI no legislativo paulistano. Como o senhor vê essa questão?
Fui vereador por oito anos e todas as CPIs que participei trouxeram resultados muito positivos para a cidade. Na CPI do Teatro Municipal, na época do PT, identificamos o desvio de milhões e milhões de reais. Participei da CPI da dívida ativa, recuperamos mais de R$ 1 bilhão e ajustamos uma série de questões. Eu presidia a CPI da sonegação tributária, recuperei R$ 1,2 bilhão, porque um monte de bancos que tinham endereços em outros municípios trouxeram o seu endereço para a cidade e passaram a pagar os tributos aqui em São Paulo. A CPI tem muito poder e um mecanismo legal que possibilita fazer uma boa investigação das questões.

E em relação a esse tema específico, qual é a opinião do senhor?
Quando a gente faz uma CPI, você vai poder escutar ali os pais, especialistas, e talvez a gente possa identificar e mostrar para as pessoas que é muito antecipado, que você não está com uma questão definida da pessoa com relação àquela opção, eu acho que é importante. Quando fui vereador, discutimos o Plano Municipal de Educação e um dos temas que levei muito para a discussão é que na Rede Municipal de Educação, na qual temos 1,080 mil alunos de um dia de idade até 14 anos, o trabalho é muito focado em crianças pequenas.

Eles queriam colocar questões de ideologia de gênero dentro do Plano Municipal e eu falei que nós não temos que discutir isso ali. Nós temos que cuidar da criança, da educação infantil, da alfabetização. Nessa idade as crianças não estão preparadas para ter essa discussão.

O meu substitutivo foi o substitutivo vencedor, e olha que o governo era do Haddad, do PT. Foi um nível de debate com outros 54 vereadores, de uma forma muito objetiva dos argumentos. Não que a pessoa que tenha mais idade não possa estar discutindo a questão de sexualidade, mas para aquele público a gente tinha que ter um outro foco, que era melhorar a qualidade de ensino.

O senhor fez uma parceria com o governador Tarcísio para combater a cracolândia. Como lidar com o espalhamento dos usuários de drogas pela cidade?
Quem mora ou tem o seu comércio nesses locais está absolutamente correto em reclamar, porque é um incômodo muito grande ter usuários de droga circulando na porta do seu comércio.

Quando a gente faz uma ação, às vezes temos que usar um remédio amargo. Nem sempre é possível usar um remédio doce e nesse caso, ainda mais pela complexidade, um caso onde a cracolândia existe há 30 anos, teríamos que tomar uma ação bastante contundente. Em 2015, 2016, o governo do PT instituiu o "bolsa-crack". Deram dinheiro para as pessoas dependentes de crack e alugaram hotéis para eles. Fortaleceram o traficante, pioraram a condição do usuário e aquilo explodiu, foi para 4 mil usuários em 2016.

Hoje, em 2023, temos em torno de mil usuários. Conseguimos diminuir isso quebrando o domínio da organização criminosa naquela grande concentração de venda e uso da droga. Foram presos mais de 180 malfeitores. Lugar de traficante é na cadeia, preso. Isso possibilitou que os agentes de saúde e assistência social pudessem fazer a abordagens a essas pessoas e fazerem o convencimento para eles se tratarem. Ampliei o Centro de Atendimento Psicossocial, o nosso serviço terapêutico para as pessoas dependentes, abrimos um serviço de longa permanência para os usuários. Fizemos convênio com o Estado, das comunidades terapêuticas, e os agentes puderam chegar nas pessoas para tentar convencê-las a buscar o tratamento. E além disso o governo do Estado abriu o hub de tratamentos que recebe essas pessoas e vai dando encaminhamento. Se você for na Praça Princesa Isabel hoje, ela está toda recuperada e reurbanizada.

Qual é o principal desafio da cracolândia hoje?
Uma pesquisa da Unifesp nos mostra que 57,4% das pessoas que estão na cracolândia estão lá há mais de cinco anos, enquanto 39% estão há mais de 10 anos. O convencimento para essas pessoas se tratarem é muito mais difícil.

Vai chegar o momento em que precisamos, todos nós, discutir a questão da internação compulsória, porque são pessoas que estão há tantos anos sob os efeitos da droga e que não têm mais discernimento sobre a sua própria vida. Vamos deixar eles morrerem? Vamos ficar fazendo um discurso aparentemente bonito enquanto as pessoas estão consumindo crack até a morte, ou vamos ser humanitários e dar oportunidade daquela pessoa ter um tratamento, e poder se salvar? Essa é a grande questão.

O direito das pessoas vai até onde começa do outro. Quem mora lá, quem tem um comércio lá, quem anda por lá, quem visita, tem o direito de ter sua tranquilidade e de não ter alguém urinando e defecando na porta da casa dele. O comerciante tem o direito de abrir o comércio dele ter tranquilidade para poder vender e que ele não tenha que chegar na loja dele esteja tudo sujo, porque eles rasgam os lixos deles. Têm ali um nível de comportamento que não é razoável para uma sociedade. O trabalho que eu e o Tarcísio estamos desenvolvendo junto com a secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos, Saúde, Polícia Civil, Polícia Militar e GCM, a gente pode chegar no resultado de solução. Não dá para falar em quanto tempo, mas vencemos a cada dia uma etapa e avançamos para uma solução.

O número de vagas para acolhimento de pessoas em situação de rua ainda está aquém do total de pessoas nesta situação. Como resolver isso?
O último censo, de dezembro de 2021, mostra que são 31.880 pessoas, e hoje temos 22 mil pessoas no abrigamento. A cidade de São Paulo tem o maior sistema de acolhimento da América Latina, não é pouca coisa. A prefeitura de São Paulo irá providenciar vagas para todas as pessoas que aceitarem o acolhimento, porque mesmo com essa diferença eu ainda tenho vaga disponível, sempre varia em torno de 10% a 15%. Como gestor público, não posso alugar, pagar a diária de 10 mil vagas de hotel e elas estarem vazias, seria um mau uso do recurso público. Mas assim que tivermos as demandas vamos ampliando, não faltará recurso da cidade de São Paulo para acolher todas as pessoas. No ano passado saíram da situação de rua 10.744 pessoas, saíram ou arrumaram um emprego, alugaram uma casa ou voltaram para seu estado e o município. Fornecemos 1.950 passagens para quem quis voltar para o seu estado ou município. Como a cidade de São Paulo acolhe, e temos orgulho disso, temos uma demanda contínua de pessoas de outras cidades, estados ou até países que vêm para cá. São Paulo é realmente uma oportunidade das pessoas se desenvolverem profissionalmente ou empreenderem, mas alguns acabam ficando em uma situação de vulnerabilidade. Já pensou a pessoa ficar numa calçada, numa barraca, sem um banheiro?

E ainda tive esse cara, o Boulos, que vai ser candidato no ano que vem, que moveu uma ação contra mim, a cidade ficou cheia de barracas. Depois que caiu essa liminar pudemos ir lá falar com as pessoas, levá-las para o Vila Reencontro, que são aquelas casinhas, ou para o hotel, ou para o acolhimento. Não pode ficar com barraca no meio da rua, no meio das praças. A cidade é de todos. Eu preciso manter a cidade harmoniosa, uma cidade que possibilite que as pessoas tenham o seu direito de ir e vir nas calçadas.

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