O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse recentemente "não ser próximo de Bolsonaro”. Logo depois, voltou atrás e afirmou que “estava buscando uma aproximação”. Segundo pessoas próximas ao prefeito que deve tentar a reeleição pela capital paulista, Nunes está apreensivo com o desfecho do caso das joias sauditas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por isso analisa com cautela o apoio de Bolsonaro na eleição de 2024.
Durante o festival The Town, que ocorreu em São Paulo no último domingo (10), o prefeito disse em coletiva de imprensa que estava ansioso para o show do Racionais MC's, banda que tem como vocalista Mano Brown. O rapper já apoiou publicamente o presidente Lula (PT) e costuma fazer críticas contundentes à gestão de Bolsonaro.
Na mesma fala, o prefeito ressaltou: “o Racionais MC's é de origem de onde eu vim, do Parque Santo Antônio”. Nunes vem intensificando a agenda nas periferias na tentativa de diminuir a diferença para o pré-candidato do PSOL, o deputado federal Guilherme Boulos.
O parlamentar da esquerda lidera as recentes pesquisas eleitorais para a prefeitura na capital paulista, especialmente nas regiões periféricas da capital.
Para o cientista político do Espaço Democrático Rogério Schmitt, não é só o prefeito que vem se afastando de Bolsonaro. “Diria que, na conjuntura atual, os políticos estão com muitíssima cautela para se aproximar de Bolsonaro”, disse Schmitt.
Para o cientista político, o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é mais relevante neste momento. “O apoio do governador Tarcísio seria muito mais importante do que o apoio de Bolsonaro; mesmo no exercício do mandato, o ex-presidente sequer conseguiu levar os candidatos do seu campo político: Celso Russomano (Republicanos), Arthur do Val (União Brasil) e Joice Hasselmann (PSDB) ao segundo turno em 2020”, ponderou Schmitt.
Nunes repete estratégia de Bruno Covas e se coloca como candidato do centro
Nunes está utilizando a estratégia de seu antecessor, Bruno Covas, que durante a eleição de 2020 não se apadrinhou em Lula e nem em Bolsonaro e se colocou com um candidato de centro. O prefeito de São Paulo chegou a dizer que é candidato de centro, em entrevista coletiva no último domingo.
“Eu sempre falei de uma forma muito transparente que é importante a gente ter uma união do centro, que é o campo em que eu atuo, com a direita, para que o centro e a direita possam vencer a extrema-esquerda, que é um risco para a cidade, alguém que prega a desordem", afirmou o prefeito durante o The Town.
Schmitt avalia como acertado o discurso de Nunes de se colocar com um candidato de centro e centro-direita. “A briga do prefeito Nunes, em qualquer cenário, será pelo eleitorado de centro e também pelo eleitorado antipetista que inclui, mas não se limita, ao eleitorado ideologicamente mais à direita”.
Bolsonaro diz que PL terá candidato próprio em São Paulo
Após as falas do prefeito Ricardo Nunes, Bolsonaro disse em entrevista à Folha de S. Paulo que defende uma candidatura própria do Partido Liberal (PL) na capital paulista e somente no segundo turno uma união com Nunes. A estratégia do ex-presidente é fortalecer as Câmaras de Vereadores com representatividade da sigla partidária.
Bolsonaro disse que não fechou nenhum acordo ainda. "Eu gosto dele [Nunes]. Mas não dei a palavra a ele ainda. Como não dei a palavra ainda para o Nunes, vamos supor que o PL tenha candidato próprio aqui [em São Paulo]. No segundo turno, o nosso candidato saindo fora, eu estaria com o Nunes contra o outro, que vai ser de esquerda. Então é por aí", disse o ex-presidente.
"Está uma pressão grande do partido em cima de mim".
Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República.
Bolsonaro disse que cobrou do presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto (PL), candidatura própria em todas as capitais. “Ficaria já acertado o apoio ao Nunes no segundo turno, ou dele ao nosso candidato, se o nosso é que for para a segunda rodada. Estaríamos juntos, de graça. Essa aqui é a intenção nossa”, concluiu Bolsonaro.
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