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Comunidade judaica em Santos (SP) foi vítima de três ataques após o atentando terrorista do Hamas, em Israel.
Comunidade judaica em Santos (SP) foi vítima de três ataques após o atentando terrorista do Hamas, em Israel.| Foto: Sinagoga Beit Sion/Divulgação

A sinagoga Beit Sion, localizada em Santos (SP), foi alvo de pichações na madrugada de domingo (3) com palavras de ódio contra os judeus e o Estado de Israel, acusado de “terrorismo” pelo vândalo, que teve o crime flagrado pelas câmeras de segurança do templo.

Na manhã desta segunda-feira (4), um integrante da comunidade judaica ainda apagava as palavras preconceituosas do pichador, que contraditoriamente, também pediu paz e liberdade para a Palestina.

O clima ainda era de temor e receio no local quando desconhecidos se aproximavam dos muros, que já haviam sido pichados depois do ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro de 2023, quando centenas de israelense foram executados e sequestrados pelo grupo terrorista, que prega a eliminação total do Estado de Israel.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente da Beit Sion pediu para não ter o nome divulgado pela reportagem por medo de novos ataques e revelou que o sistema de segurança do local foi reforçado com câmeras, alertas de segurança em portas e janelas, além de bunker e rota de fuga dentro do templo. Mesmo assim, a comunidade sente insegurança, principalmente nas reuniões na sinagoga.

“Nos assusta esse comportamento que surge, acentuadamente, em virtude da posição do Brasil. Essa posição não traz paz, não ajuda em nada. Nós não temos esse costume [de ataque] e raciocinamos que o irmão de outra fé não tem culpa. Não vamos responder saindo para pichar outras casas, de outras religiões”, comenta ele. “Não se tem notícias de que um grupo de judeus pichou uma mesquita ou uma igreja por terem divergência e conceitos diferentes”, acrescenta o líder da sinagoga.

Ele diz que ficou surpreso com a posição do presidente Lula (PT), pois o país tem a tradição diplomática de se abster em conflitos e ter uma posição de neutralidade em temas mais sensíveis. “O Brasil tomou um partido; saiu do muro e tomou um rumo. O governo poderia ter usado outros meios [diplomáticos], pois existe o Itamaraty e o país tem um chanceler. Mas isso não poderia sair do pai da nação”, critica ele, ao lembrar da declaração do presidente da República que comparou a ocupação de Israel na Faixa de Gaza com o genocídio de judeus no Holocausto promovido pelo regime nazista de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial.

“Quando sai dele [o posicionamento], ele [Lula] dá autoridade. Ele veste uma camisa que pode resultar em um direcionamento.”

Presidente da sinagoga Beit Sion 

De acordo com ele, a posição do presidente da República rompe com um elo histórico entre Brasil e Israel, que considera o país da América do Sul como decisivo para criação do Estado Independente, em 1948, após o extermínio de judeus nos campos de concentração nazistas. “O presidente da República não poderia prestar solidariedade ao Hamas. Historicamente, Israel deve muito ao Brasil devido ao embaixador na ONU [Organização das Nações Unidas] Oswaldo Aranha, responsável pelo voto de minerva na Assembleia Geral pela criação do Estado de Israel”, recorda.

O líder da sinagoga Beit Sion afirma que entende a posição de Lula ao defender o convívio de dois países independentes com a criação do Estado da Palestina, mas considera que o presidente brasileiro “deu um aval para subversivos” com as últimas declarações contra Israel. 

“Eu respeito o presidente da República, que tem se envolvido em questões internacionais e bilaterais, mas me surpreende ele tomar uma posição que o Brasil nunca tomou. Ele não escutou a diplomacia, foi para o ataque e cometeu uma gafe ao falar do Holocausto que é um tema muito sensível para todo judeu”, analisa.

Na avaliação dele, a guerra contra o terrorismo é uma batalha “contra uma ideia” e não contra uma pessoa, que pratica um ato de racismo e vandalismo no Brasil.

Desde o atentado do Hamas, se acentuou o antissetismo e, se medidas não forem tomadas, isso vai se desenvolver no país. Isso não é um caso isolado. O cara não acordou de manhã e resolveu pichar palavras racistas no muro de um templo religioso. É uma engenharia, cheia de estratégia de como fazer. Ele veio de noite, de bicicleta, com boné e uma máscara. Ele fez um planejamento e, com certeza, existem outros. A gente não sabe o que existe por trás disso”, alerta.

Um registro de boletim foi registrado na manhã desta segunda-feira e as imagens das câmeras de segurança foram entregues para a Polícia Civil na tentativa de identificação do homem flagrado pelo sistema de monitoramento da sinagoga vandalizada com ataques a Israel.

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