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Ministério pode ampliar investimentos

Apesar de ressaltar que a eficácia da nova vacina ainda é parcial e restrita a uma minoria, a coordenadora da Unidade de Pesquisa do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Cristina Possas, disse que o resultado incentivará o Minis­­tério da Saúde a destinar mais recursos no desenvolvimento de uma vacina contra a aids. Além disso, a descoberta ajudará o Ministério a definir quais projetos receberão o restante dos R$ 25 milhões que serão investidos até 2012. Atualmente, 13 estudos em andamento recebem financiamento federal e uma nova chamada está em andamento.

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Medicamento levará anos para chegar ao mercado

O resultado dos testes da vacina contra a aids é a maior notícia no combate à doença desde o seu surgimento. Mas o medicamento ainda levará anos para chegar ao mercado. Essa é a avaliação da chefe do Departamento Cien­­tífi­­co da Unaids – agência da Orga­­nização das Nações Unidas (ONU) que trabalhou no projeto por quase duas décadas –, Cate Hankins. Nesta entrevista, no entanto, a especialista não es­­condeu seu entusiasmo.

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Genebra - Euforia. Era o sentimento predominante nos corredores da Orga­­nização Mundial da Saúde (OMS) ontem, após a revelação de que uma combinação de duas vacinas, que haviam fracassado em proteger contra a aids no passado, agora passou a dar resultados, ainda que modestos. A descoberta está sendo con­­siderada histórica. Mas cientistas e entidades internacionais insistem que a população mundial não deve ainda considerar a guerra contra a aids vencida.

Cientistas descobrem, 25 anos após a eclosão da pandemia e depois de inúmeros testes fracassados pelo mundo, que a combinação das duas vacinas reduziu em 31,2% o risco de uma pessoa ser infectada pelo vírus HIV. O teste foi o primeiro a demonstrar a proteção de seres humanos contra a aids, 18 anos depois do início dos primeiros trabalhos que agora começam a dar resultados.

A pesquisa, que custou US$ 105 milhões aos cofres americanos, foi realizada com 16,3 mil voluntários na Tailândia, um dos locais considerados como laboratório a céu aberto para testes de medicamentos contra a doença. Metade re­­cebeu há três anos a versão final da vacina. Os outros 8 mil receberam um produto sem qualquer efeito. O trabalho foi conduzido pe­­lo Programa de HIV do Exército Americano, em colaboração com centros de pesquisa e com o Ministério de Saúde da Tailândia. A OMS ainda deu suporte logístico e técnico.

Por ano, a ONU estima que 2 milhões de pessoas morrem por causa do vírus e 33 milhões estariam infectadas. Desde os anos 80, 20 milhões de pessoas já morreram. Em várias regiões, a doença nutre o subdesenvolvimento e a pobreza.

Provas

O teste foi realizado com duas do­­ses de vacinas. A primeira foi usada para imunizar o sistema contra o vírus e a segunda, para fortalecer a resposta. As vacinas são a Alvac, da francesa Sanofi Pasteur, e a Aidsvax, de propriedade da entidade sem fins lucrativos Global Solu­­tions for Infectious Diseases.

As vacinas já haviam fracassado no passado e foram abandonadas por cientistas. A decisão do Exército americano de voltar a testá-las, agora de forma conjunta, foi duramente criticada por cientistas, que julgavam ser uma perda de dinheiro. Além disso, alguns setores da comunidade científica chegaram a atacar o projeto, alertando que um fracasso geraria uma perda de credibilidade de to­­dos os demais projetos em busca de recursos.

Todos os 16 mil participantes passaram por testes antes e ficou comprovado que não estavam contaminados pelo vírus. Foram aconselhados a usar preservativos, foram amplamente instruídos a não adotar um comportamento de risco e acompanhados de perto por cientistas. Um teste foi realizado a cada seis meses e, para todos os que foram contaminados, o Depar­­ta­­mento de Defesa dos Estados Uni­­dos garantiu acesso gratuito a re­­médios pelo resto de suas vidas.

Em 2006, uma avaliação da OMS deu um sinal verde para os testes. Três anos depois, os cientistas chegaram a seus primeiros re­­sul­­tados. Das 8,1 mil pessoas que re­­ceberam a vacina, 51 foram contaminadas pela aids. Entre os 8,1 mil que não receberam a dose, a taxa de infecção foi de 74 pessoas. Tanto os cientistas como a OMS garantiram que esse resultado não poderia ocorrer por casualidade.

África

Um dos problemas é que não há qualquer garantia ainda de que essa vacina teria o mesmo impacto em outras regiões do mundo. O tipo de HIV encontrado na Ásia não é o mesmo da África. "Ainda resta saber se a vacina poderia ser aplicada em outras partes do mundo com populações com outras características genéticas e diferentes subtipos de HIV", alertou a OMS. Os tipos de HIV usados na vacina foram o B – predominante na Europa, Estados Unidos e América Latina – e o E, predominante na Ásia. O vírus HIV mais comum na África não foi testado e cientistas admitem que não saberiam se a vacina teria algum impacto nessa região, a mais afetada do mundo.

Em relação ao Brasil, os cientistas admitem que não há provas de que a vacina possa funcionar. Mas confirmam que as esperanças são mais otimistas que no caso da África, já que o subtipo de aids en­­contrado no Brasil também é o B, usado na vacina.

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