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Graças a pesquisas recentes capitaneadas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, pequenos dispositivos robóticos podem vir a ser usados para recuperar objetos engolidos, inclusive baterias. | Reprodução/
Graças a pesquisas recentes capitaneadas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, pequenos dispositivos robóticos podem vir a ser usados para recuperar objetos engolidos, inclusive baterias.| Foto: Reprodução/

Depois que Emmet Rauche, de um ano de idade, engoliu uma pilha de lítio, ele começou a vomitar sangue, o que levou a uma corrida ao pronto-socorro e uma cirurgia de emergência. Um médico mais tarde compararia a garganta da criança com a cena de um rojão detonado. Levou anos e dúzias de procedimentos para reconstruir a traqueia de Emmet antes que ele pudesse respirar por conta própria.

Nos Estados Unidos, uma criança engole uma bateria a cada três horas, de acordo com uma estimativa pediátrica, o que equivale a 3,3 mil casos por ano. De acordo com relatórios de prontos-socorros, a maioria das baterias engolidas é do tipo moeda – aqueles discos prateados achatados de energia eletroquímica, usados em aparelhos de audição e relógios de pulso. Ainda que mortes por ingestão de baterias do tipo moeda sejam raras, sérias complicações, como as que ocorreram no caso de Emmet, podem resultar quando uma bateria entra na garganta de uma criança.

Graças a pesquisas recentes capitaneadas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, pequenos dispositivos robóticos podem vir a ser usados para recuperar objetos engolidos, inclusive baterias. Ainda que o robô possa não ser capaz de realizar grandes cirurgias no esôfago, ele pode, possivelmente, vir a suturar pequenos ferimentos no estômago. A única coisa que o paciente teria de fazer, em teoria, é engoli-lo– algo como engolir uma aranha para pegar uma mosca.

Veja um vídeo com a pesquisadora explicando o funcionamento do minirrobô

Em um experimento para demonstrar o conceito, realizado durante a Conferência Internacional de Robótica e Automação, o pequeno dispositivo fica dentro de uma cápsula de gelo do tamanho de uma bala de goma. Quando o gelo derrete dentro do corpo, o robô se desdobra como um origami ao reverso. Uma vez desdobrado, o robô-origami se move pelo interior do estômago, controlado por operadores humanos por meio de um campo magnético externo.

“Para emprego dentro do corpo humano, precisamos de um sistema robótico pequeno, manipulável e sem fios”, disse Daniela Rus, engenheira elétrica do MIT que ajudou a criar o robô-origami, em um comunicado à imprensa. “É realmente difícil inserir e controlar um robô dentro do corpo se o robô está preso por fios.”

Os cientistas também criaram o robô a partir de partes seguras para a ingestão. Pedaços de metal e plásticos com ângulos salientes estavam fora de cogitação, então eles lançaram seus olhares para comidas. “Passamos muito tempo nos mercados asiáticos e no mercado de Chinatown procurando materiais”, disse Shuguang Li, do MIT. A última versão do robô origami é feita de tecido de porco – o mesmo tipo de coisa que você pode encontrar ao redor de uma salsicha.

Minirrobô tira do estômago pilhas engolidas acidentalmente

Cientistas do MIT desenvolveram um robô do tamanho de uma pílula que é capaz de retirar objetos, liberar remédios e cicatrizar feridas dentro do aparelho digestivo.

+ VÍDEOS

História

A ingestão de dispositivos não farmacêuticos tem uma história médica breve mas notável. Alguns dos primeiros a brincar com a ideia foram veterinários, que passaram a fazer vacas engolir ímãs quando um animal acidentalmente ingeria um prego ou outro item metálico. No início dos anos 2000, a FDA, agência responsável pela regulação de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, aprovou “câmeras intestinais”, pequenas câmeras que permitiram que médicos observassem pacientes a partir de seu interior. Mas as primeiras câmeras intestinais não podiam ser manobradas e era possível perder pontos de interesse no intestino se o aparelho estivesse orientado para a direção errada enquanto atravessava o trato intestinal.

Alguns cientistas experimentam minirrobôs que contam com pernas ou meios similares de locomoção. Outros pesquisadores se voltaram para ímãs, rebocando um robô magnetizado pelo trato digestivo. Mas tais métodos não são uma panaceia, como argumentou uma dupla de engenheiros biomédicos em uma edição da “Scientific Americanem 2010. Campos magnéticos podem “perder força com a distância e, com a geometria irregular do intestino, mudanças bruscas na força do campo podem fazer com que a cápsula salte ou podem cortar completamente o controle magnético sobre a pílula”.

Campo magnético

Para se mover, o robô-origami depende de um campo magnético externo em combinação com o que os engenheiros descrevem como um movimento gruda-escorrega, um empurrão-puxão ritmado contra a parede do estômago. Uma vez desdobrado, o robô também pode vir a usar os ímãs que carrega para remover pilhas de parede do estômago. Ele então manobrará sua carga através do resto do sistema digestivo.

Até agora, os pesquisadores do MIT testaram o robô-origami em um estômago sintético de borracha cheio de suco de limão e de água. Não está claro quando esse dispositivo pode ficar pronto para uso em humanos – os próximos passos, de acordo com Rus, são adicionar sensores ao robô e testá-lo em animais vivos.

Tradução de Pedro de Castro.

Ingestão de dispositivos, uma história

A ingestão de dispositivos não farmacêuticos tem uma história médica breve mas notável. Alguns dos primeiros a brincar com a ideia foram veterinários, que passaram a fazer vacas engolirem ímãs quando um animal acidentalmente ingeria um prego ou outro item metálico. No início dos anos 2000, a FDA, agência responsável pela regulação de alimentos e medicamentos nos EUA, aprovou “câmeras intestinais”, pequenas câmeras que permitiram que médicos observassem pacientes a partir de seu interior.

Mas as primeiras câmeras intestinais não podiam ser manobradas e era possível perder pontos de interesse no intestino se o aparelho estivesse orientado para a direção errada enquanto atravessava o trato intestinal.

Alguns cientistas experimentam minirrobôs que contam com pernas ou meios similares de locomoção. Outros pesquisadores se voltaram para ímãs, rebocando um robô magnetizado pelo trato digestivo.

Mas tais métodos não são uma panaceia, como argumentou uma dupla de engenheiros biomédicos em uma edição da “Scientific Americanem 2010.

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