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Dermatologia

Espinha pode não ser só uma fase

Quem sofre com o grau mais grave da acne pode buscar remédio no SUS. Especialistas elogiam tratamento, mas fazem um alerta

Schirley com os gêmeos Jacques e Camille, que enfrentaram a acne tipo 5 e buscaram tratamento no SUS | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Schirley com os gêmeos Jacques e Camille, que enfrentaram a acne tipo 5 e buscaram tratamento no SUS (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)

A acne, comum em adolescentes, adultos com pele oleosa e mulheres grávidas, costuma abrandar com o avanço da idade, com tratamento de pele e antibióticos ou adoção de uma alimentação saudável. Em alguns casos, porém, as espinhas não são só uma fase: chegam a sangrar, causam febre, deixam a pele fortemente marcada e causam transtornos emocionais.

Não há registros de quantas pessoas sofrem do mal mais severo, a "acne de grau 5", mas em seus cinco graus a doença atinge 18 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Derma­tologia (SBD). Os pacientes da fase mais grave podem requisitar um medicamento considerado o mais eficaz no tratamento. Feito a partir do princípio ativo isotretinoína, o remédio está disponível gratuitamente desde 2001 pelo Sistema Único de Saúde e há mais de dez anos no Paraná.

"A isotretinoína é mais eficaz porque age sobre três fatores que causam a acne: a proliferação desordenada da pele, a produção de sebo pelas glândulas sebáceas e o aumento de bactérias associadas à acne. Os outros remédios só agem em um deles", explica a dermatologista da SBD-PR Luciana Esmanhoto. "Com a atrofia das glândulas, o substrato para essa bactéria, o sebo, diminui. Além disso, o efeito dele é prolongado, mesmo após o fim do tratamento. Com os outros, as espinhas voltam após esse tempo."

Pelos efeitos colaterais causados, é preciso seguir uma série de normas para obter a isotretinoína, de uso controlado. A droga só pode ser receitada pelos médicos de referência, cadastrados no SUS e detentores de um receituário especial, diz a farmacêutica Deise Pontarolli, diretora do Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), responsável pela compra e distribuição do remédio.

O paciente também deve assinar um termo de compromisso no qual diz estar ciente dos efeitos colaterais e fazer uma bateria de exames, como de gravidez e colesterol. Em seguida é preciso se cadastrar nas farmácias especiais numa das 22 Regionais de Saúde do estado e levar o receituário e o termo de compromisso. "Após o paciente fornecer a documentação, em até 30 dias outro médico avalia se eles estão em ordem e autoriza a dispensa do remédio, que deve ser retirado todo mês nas farmácias especiais. A cada três meses é obrigatório renovar o cadastro", explica Deise.

Conforme a diretora, ao retirar o remédio o paciente precisa apresentar uma receita atualizada. Devido à dificuldade do usuário do SUS de obter consultas mensais, é permitido consultar-se com médico particular para obter a receita a ser apresentada no segundo mês. Contudo, a primeira consulta para obter a isotretinoína deve ser com um médico de referência do SUS. Os exames obrigatórios podem ser feitos em clínicas particulares.

Atualmente, 240 pessoas recebem o medicamento gratuitamente no Paraná.

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