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Apesar de os dentes de Gustavo, de 8 meses, ainda não terem nascido, sua mãe Joyce limpa a gengiva dele com gaze e água | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Apesar de os dentes de Gustavo, de 8 meses, ainda não terem nascido, sua mãe Joyce limpa a gengiva dele com gaze e água| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Saúde dental

Pesquisa revela déficit de próteses

Divulgada no final de dezembro de 2010, a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, realizada pelo Ministério da Saúde, apontou avanços nos indicadores da prevalência de cáries, mas revelou falta de próteses dentárias para a população idosa no país.

O levantamento, feito com 38 mil pessoas das 26 capitais do país e do Distrito Federal, mostra que 7 milhões de brasileiros entre 65 e 74 anos precisam de tratamento – déficit que levaria 14 anos para ser corrigido, já que a produção anual não ultrapassa 500 mil unidades.

O ponto positivo revelado pela pesquisa é que o Brasil passou a integrar o grupo de países com baixa prevalência de cárie. Batizado de CPO (sigla para dentes cariados, perdidos e obturados), o indicador caiu de 2,8 dentes em 2003 para 2,1 no ano passado. São considerados de baixa prevalência países com indicadores menores do que 2,6, em uma escala que vai de zero a 32 (número de dentes presentes na boca). Na América do Sul, o Brasil ficou atrás do Chile (que tem índice 1,9), igual à Venezuela e na frente da Argentina (que tem CPO de 3,4). A única região do Brasil em que o CPO aumentou no período foi a Norte: de 3,1 para 3,2.

O número de crianças de até 12 anos que nunca tiveram cárie cresceu de 31% para 44%. Na faixa etária dos 15 aos 19 anos, a redução do CPO foi de 30%, ou seja, 18 milhões de dentes não foram contaminados por cárie. Em adultos entre 35 e 44, a redução foi de 19% (CPO de 16,3).

Apesar de o Brasil integrar o grupo de países com baixa prevalência de cárie – os brasileiros têm em média 2,1 cáries durante a vida, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde – ainda há pouca atenção à higiene bucal dos bebês e crianças com dentes de leite. De acordo com o levantamento, cerca de 80% das crianças que apresentam problemas nesta dentição não recebem tratamento. Esta atitude, segundo especialistas, merece atenção: a saúde dos primeiros dentes tem influência direta sobre os permanentes.

"Os dentes de leite são a base para o desenvolvimento correto da arcada", diz o presidente da Associação Brasileira de Odon­topediatria (ABO), Paulo Cesar Barbosa Rédua. Negli­genciar a escovação dos dentes de leite pode levar à desmineralização, cáries e gengivite. "O acúmulo de placa nas proximidades da gengiva causa inflamação. Ficar mais de dois dias sem escovar ou não escovar corretamente já leva ao aparecimento do problema", explica o odontopediatra e professor de Odon­tologia da PUCPR e Universidade Tuiuti, Léo Kriger.

Para evitar o aparecimento desses problemas ainda nos dentes de leite, Kriger recomenda que os pais evitem alimentos muito açucarados, refrigerantes, não adocem a mamadeira em excesso e não adicionem açúcar em frutas que já são doces. Caso contrário, o paladar da criança pode ficar condicionado a querer sempre alimentos mais doces. O açúcar, junto com bactérias, promove a desmineralização do dente de leite, que fica com manchas brancas de aspecto rugoso. "O esmalte do dente perde sais minerais, e ele fica mais vulnerável à cárie", esclarece o odontopediatra.

A recomendação é que, ao sair os primeiros dentes, seja realizada higienização com escovas apropriadas para bebês. O uso da pasta de dente é optativo – segundo os especialistas, é preferível usar produtos específicos para crianças, que servirão de estímulo para a escovação. No entanto, é possível fazer a limpeza somente com água. Produtos com flúor podem ser usados quando já há controle sobre o bochecho (por volta dos 3 anos de idade). Mas em pouca quantidade. "O ideal é que seja um pingo de pasta, no tamanho de um grão de arroz", diz Paulo Rédua.

O fio dental deve entrar na rotina quando já há um maior número de dentes, sem espaço entre eles. Até os 7 anos, o ideal é que essa seja uma tarefa dos pais. Léo Kriger recomenda o uso uma vez ao dia, sempre antes de dormir. "Ao dormir, há uma diminuição de saliva na boca, que neutraliza os ácidos. Por isso, ao deitar, é fundamental que a boca esteja bem higienizada". A frequência da ida ao dentista também depende do perfil da criança. Se há algum problema, como mordida cruzada, o ideal é que a visita seja mensal ou bimensal. No restante, pode variar de seis meses a um ano.

Bebês

O professor de Pediatria da PUC-PR Victor Horácio de Souza Costa Júnior sugere que as mães comecem a higienização da boca antes mesmo de os dentes nascerem. Após a amamentação, limpe a gengiva com uma gaze ou fralda de pano, umedecida com água, soro fisiológico ou com uma solução de água com uma pitada de bicarbonato de sódio. "O simples fato de passar a gaze faz uma massagem e estimula o aparecimento da dentição."

Hábito que a recepcionista Joyce Morais da Silva incorporou em sua rotina e na do filho Gustavo, de 8 meses. Apesar de ainda não ter nenhum dente, ela higieniza a gengiva do bebê duas vezes por dia. "Quem me instruiu foi o próprio pediatra. No começo, meu filho reclamava um pouco, agora já está acostumado." O odontopediatra Léo Kriger frisa que essa atitude acostuma a criança com a sensação de limpeza na boca. "Isso facilita a introdução da escova de dentes e não ficará difícil que a criança tenha o hábito da escovação."

A pediatra do Hospital Pequeno Príncipe Lenira Facin salienta que a amamentação também tem papel importante na formação da dentição. "O ato de sugar desenvolve a arcada de uma maneira mais perfeita." Além da higienização, tomar um pouco de sol durante o dia, em horários adequados, e usar uma suplementação de Vitamina D (prescrita pelo médico) são atitudes recomendadas pela pediatra. "Como a alimentação do bebê é basicamente leite, o suplemento é importante, e contribuirá para a formação de dentes mais fortes."

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