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Funcionamento

Substância reduz glicose no organismo

A liraglutide (e, consequentemente, o Victoza) imita a ação de um hormônio, chamado GLP1, no organismo. Produzido pelo intestino após a ingestão dos alimentos, o GLP1 é responsável por baixar a glicose no organismo, mas tem curta duração (cerca de três minutos). Por isso, em pouco tempo, sua quantidade diminui drasticamente. No caso da liraglutide, o efeito se estende por até 24 horas.

A substância só baixa os níveis de glicose quando eles estão altos – por isso seu uso foi pesquisado e aprovado para o tratamento de diabete. Quando a glicose está normal, a liraglutide não tem efeito, as taxas de insulina não são afetadas e os níveis de glicose não baixam.

Outra característica importante é que ela retarda o esvaziamento gástrico e amplia a sensação de saciedade, o que geralmente faz com que a pessoa coma menos para se sentir satisfeita, uma forma de facilitar o emagrecimento.

Depois da polêmica do ano passado envolvendo o Victoza, medicamento desenvolvido para diabete tipo 2, mas que vinha sendo utilizado por alguns pacientes para redução de peso, o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está desenvolvendo uma pesquisa para comprovar os possíveis resultados do uso da substância no tratamento de pacientes obesos. O estudo, iniciado ainda em 2011, já encerrou a inclusão de pacientes e os resultados devem sair em um ano.

O médico endocrinologista do HC e coordenador da pesquisa, Henrique Suplicy, explica que o estudo utiliza a liraglutide, uma substância que imita a ação de um hormônio responsável pela saciedade no organismo. "Na verdade, usamos a mesma molécula do Victoza, mas não é o medicamento em si, já que a dosagem é diferente. O remédio trabalha com 1,8 miligramas, enquanto nós aplicamos uma dose maior que essa", afirma.

Segundo Suplicy, a liraglutide chamou a atenção dos pesquisadores porque, dentro dos tratamentos para diabete, alguns pacientes que tomavam o Victoza, além do controle da glicose, apresentavam taxas variadas de perda de peso. Mesmo assim, o médico ressalta que a substância foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e por órgãos internacionais somente para o tratamento de diabéticos do tipo 2 e, por enquanto, não há aprovação para o uso com o objetivo de emagrecimento. "O estudo deve ser uma forma de identificar se isso é possível, quais os riscos e as possibilidades que essa substância oferece."

A pesquisa é patrocinada pelo laboratório dinamarquês Novo Nordisk (fabricante do Victoza) e envolve 4 mil pessoas em vários países. No Brasil, cinco centros foram cadastrados para realizar o estudo, todos com cerca de 30 pacientes cada um. No Paraná, o HC foi o hospital escolhido para desenvolver a pesquisa.

Ilusão

Entre o público, o medicamento ficou conhecido após uma polêmica matéria da revista Veja, publicada em setembro. O texto causou uma corrida às farmácias, pois defendia os benefícios do Victoza para pacientes que queriam perder peso. Segundo a revista, um paciente poderia perder de dez a 15 quilos em poucas semanas.

O médico, entretanto, alerta: a propaganda de perda de peso fácil, rápida e garantida não passa de ilusão na maioria dos casos. "A perda de peso registrada é bem mais sutil do que a matéria afirmava. O Victoza, pelas evidências, pode ajudar, mas não daquela forma milagrosa", alerta.

A recomendação da Anvisa é que os pacientes somente utilizem a medicação em caso de diabete, já que os riscos associados a outros usos não são conhecidos.

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