Um novo tratamento para quem sofre com o adoecimento das artérias e corre o risco de ver um membro amputado por esse motivo se desenha no Laboratório de Tecnologia Celular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Experiências realizadas com células-tronco adultas já salvaram oito dos dez pacientes que se submeteram ao experimento da amputação de pés e pernas.

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Agora, a equipe do médico Paulo Brofman, que coordena os estudos, se prepara para atender a outros quatro voluntários. Todos correm o risco de perder um membro devido a isquemia do membro inferior. Essa doença reduz o fluxo sanguíneo que chega às pernas e pés. Em um estágio muito avançado, pode haver o aparecimento de feridas que não saram, a necrose do tecido e, por fim, a necessidade de amputação do membro. Esse quadro costuma ser uma complicação da diabetes, principalmente do tipo 2.

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Estima-se que pacientes diabéticos tenham até 40 vezes mais chance de submeter-se a uma amputação de membro inferior do que o resto da população. Com o tratamento com células-tronco, essa taxa poderá ser reduzida. “Acreditamos que em alguns anos essa pesquisa possa se tornar um procedimento médico, que será utilizado pelo Sistema Único de Saúde. Mesmo porque é muito mais caro tratar um amputado do que arcar com os custos de um tratamento com essas células”, argumenta Brofman.

Armazenamento de sangue do cordão umbilical é aposta no futuro

Assim como a medula óssea, o sangue do cordão umbilical também possui células tronco adultas, que poderiam ser usadas em algumas terapias celulares. No momento, esse material é liberado apenas para o tratamento de algumas doenças hematológicas ou de forma experimental, em casos em que não há mais outra opção de tratamento do paciente.

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O tratamento desenvolvido pela equipe liderada por Brofman consiste na retirada de medula óssea do osso do quadril do paciente por meio de uma punção. Esse material é processado, para que sejam separadas as células-tronco presentes nele. As células são injetadas na perna e no pé doente do paciente e ajudam na recuperação das artérias doentes. Com a capacidade de se transformar em outro tipo de células, elas auxiliam na formação de novos vasos e na circulação colateral.

Acreditamos que em alguns anos essa pesquisa possa se tornar um procedimento médico, que será utilizado pelo SUS.

Paulo Brofman,  médico coordenador do estudo.
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Demora

Ainda não se sabe ao certo quando a pesquisa realizada na PUCPR chegará aos hospitais do país. Os pesquisadores esperam, em até dois anos, conseguir demonstrar a eficiência do uso de células-tronco para o tratamento da isquemia de membros inferiores. Depois disso, ainda será necessário obter a liberação do Conselho Federal de Medicina e depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Por fim, o Ministério da Saúde avaliará se o procedimento entrará no rol do SUS.

A demora para que os resultados das pesquisas com células tronco cheguem ao público não é exclusividade do Brasil. Ainda novas, essas terapias precisam passar por anos de testes que comprovem eficiência e a consequência delas no longo prazo antes de serem liberadas. Por hora, o único tipo de terapia celular liberada no Brasil é o transplante de medula óssea. A expectativa é de que esse quadro mude nas próximas décadas, com o avanço das pesquisas na área.