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Só SP recebeu mais remédio

O Paraná foi o segundo estado que mais recebeu tratamentos de Tamiflu do Ministério da Saúde. Chegaram ao estado 133,4 mil tratamentos. O que mais recebeu foi São Paulo, com 140,3 mil. Os dados são do fim de agosto e foram apresentados pelo secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Gerson Penna, aos médicos do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Até essa data, foram distribuídos 695,6 mil tratamentos em todo o país.

O diretor do Centro de Epide­­miologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Moacir Gerolomo, explica que há medicamento disponível. O remédio é distribuído nos Centros Muni­cipais de Urgências Médicas da capital e nos hospitais. (BMW)

Em números porcentuais, o acesso ao Tamiflu, medicamento usado para o tratamento da gripe A (H1N1), a gripe suína, praticamente dobrou em um mês em Curitiba. Até o dia 7 de agosto, 34,3% dos pacientes que procuravam as unidades de urgência e emergência da prefeitura com sintomas de gripe receberam o medicamento. Pas­sado um mês, o índice subiu para 66,7% dos doentes com gripe usando o remédio. A capital registra 46 mortes pela doença.

Não ter acesso ao Tamiflu era o principal temor do curitibano. Levantamento da Paraná Pesquisas realizado nos dias 12 e 13 de agosto com 605 entrevistados mostrou que 67,9% tinham a preocupação de não receber o medicamento devido à possível burocracia ou negligência do serviço público.

Segundo o presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, Alceu Pacheco, o maior acesso ao Tamiflu está tirando as pessoas do risco de agravamento da doença. "A pandemia está mantendo certa quantidade de casos. Só que esses casos, ao contrário do que ocorria antes, não estão demandando hospital e UTI. Um dos fatores que colaboraram para isso foi o Tamiflu."

Pacheco lembra que no início da pandemia o protocolo do Ministério da Saúde previa medicamentos para quem estivesse em situação de risco (idosos, gestantes, crianças e pessoas com doenças prévias) e casos graves. Depois, os médicos puderam prescrever o medicamento para pacientes com gripe que não necessariamente se enquadravam em situação de risco ou de gravidade. O médico prescreve conforme os sintomas do paciente.

O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, Moacir Gerolomo, diz que a literatura médica aponta que o remédio reduz em dois dias os sintomas e impede o agravamento da doença. O diretor explica que a pessoa pode tomar o Tamiflu várias vezes. Ou seja: o paciente que estava com a gripe comum e acabou tomando o Tamiflu pode usar o medicamento novamente se adquirir a gripe suína.

O diretor frisa, no entanto, que o medicamento não é fornecido como prevenção à doença, só para quem já tem sintomas. "Não está sendo feita prescrição indevida."

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Com Tamiflu - Fui bem atendido e medicado

Tenho 35 anos e não costumo pegar nem resfriado. Atravessei risonho e límpido os piores momentos da epide­­mia da gripe suína. Pois não é que, quando tudo parecia estar voltando ao normal, "ela" me pegou?

Não sei se é mesmo a influenza A. Segunda-feira eu estava trabalhan­do quando comecei a espirrar. E não parava mais! Vieram a coriza, os olhos marejados, o mal-estar... Passei a noite em claro, com calafrios.

Assim que amanheceu fui ao pronto-socorro. Mediram minha pressão e a temperatura (37,5°C). Fiz raio-X. O médico me prescreveu um antigripal, um antibiótico e o Tamiflu. E eu deveria ficar de molho por uma semana.

Comprei os outros medicamentos, me abasteci com víveres para o exílio forçado e fui à Unidade de Saúde 24 Horas do Campo Comprido. Como levei toda a papelada preenchida não enfrentei fila e em cinco minutos saí com o Tamiflu. Ontem me ligaram da Secretaria de Saúde para saber como eu estava.

Resumo da ópera: seja só uma gripe normal, mas se for a suína, fui muito bem atendido – e não tive dificuldade para conseguir o Tamiflu.

Luigi Poniwass, jornalista da Gazeta do Povo

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Sem tamiflu - A médica não me receitou o remédio

Procurei primeiro a unidade de saúde porque achei que eles estavam mais bem preparados para fazer o diagnóstico da gripe A (H1N1). Fui à unidade no sábado. Demorou uma hora para eu ser atendida porque não tinha febre e não fui prioridade. A médica foi bem atenciosa. Disse que nessas alturas não adiantava saber se era gripe suína ou não, mas tinha que tratar. Só que aí me veio a história de que eu não fazia parte do grupo de risco e não adiantava me dar o Tamiflu. Ela me deu Dipirona e me mandou voltar para casa. Se piorasse, deveria retornar. Na segunda-feira fui em outra médica, do convênio. Ela disse que deveria ter recebido o Tamiflu no sábado. Fico pensando: eu sou pessoa com certo esclarecimento, que fiquei nesse primeiro período da pandemia super alerta e atenta, fui ao médico, fui buscar ajuda, tinha toda confiança do mundo e jurava que ia chegar ao médico e ele faria o que precisava ser feito.

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde diz que a paciente não recebeu o medicamento na unidade porque já fazia mais de 48 horas do início dos sintomas.

Sandra Maria Lourenço Carvalho, pedagoga

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