Vacina contra gripe preocupa hemobancos

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Com o início da imunização da população contra a gripe A H1N1 na próxima semana, os bancos de sangue temem que haja diminuição do número de doadores. Para evitar que isso aconteça, essas instituições reforçam o pedido para que as doações sejam feitas antes que a vacina seja tomada. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, por precaução, as pessoas que forem imunizadas não devem doar sangue por 30 dias. A medida deve ser adotada porque nesse período haverá a formação de anticorpos contra a gripe A. A mesma orientação foi dada em 2008, quando a população foi imunizada contra a rubéola.

A precaução não é vista como necessária por todos os profissionais de saúde. Para o médico infectologista Alceu Fontana Pacheco Júnior, presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, quem receber sangue de uma pessoa que tomou a vacina não correrá riscos. O infectologista explica que a vacina da gripe A é fabricada com o vírus morto, por isso não há como haver a transmissão. "Acredito que houve certo exagero. Não há nenhuma implicação para quem irá receber o sangue", afirma.

Já a infectologista Mônica Gomes da Silva, do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, diz que só há riscos para quem doa. Segundo ela, no período de 30 dias todas as defesas do organismo devem ser direcionadas para a produção de anticorpos contra a gripe. "Não aconselhamos que ninguém doe sangue quando estiver em meio a um tratamento médico. As vacinas provocam modificações imunológicas no organismo", disse.

Estratégias

Os bancos de sangue estão preparando estratégias para que os estoques não abaixem. Segundo a chefe da assessoria de suporte ao usuário do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), Nely Coimbra, malas diretas serão enviadas aos doadores cadastrados, além de correspondências para empresas parceiras do Hemepar. Haverá coletas em outros locais e serão feitos pedidos a parentes e amigos de pacientes que receberam transfusões.

Entre junho e agosto de 2009 – período em que a gripe A se manifestou mais intensamente no Paraná – houve redução de 40% no número de doações na sede de Curitiba. Em média, são 2,4 mil doadores de sangue na capital. Nas outras 23 sedes do Hemepar no interior do estado são em média 12.590 doadores. "Por ano são cerca de 41,2 mil doadores em Curi­tiba e 151.045 em todo o Paraná", afirma Nely.

A preocupação aumenta ainda porque a parcela da população que mais doa sangue é a dos adultos jovens entre 18 e 29 anos, a mais atingida pela gripe no ano passado. Essa faixa é a responsável por, aproximadamente, 45% do total de doações feitas no Hemepar. De acordo com o último Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde, das 294 mortes causadas pela gripe A no Paraná, 179, ou 60,9%, ocorreram entre pessoas de 20 a 49 anos.