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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Quase duas semanas depois da tarifa do transporte coletivo de Curitiba se tornar a mais cara do entre as capitais, empresas do setor convocaram a imprensa para tratar dos prejuízos do sistema. Em coletiva nesta sexta-feira (17), na Associação Comercial do Paraná (ACP), o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), Luiz Alberto Lenz César, apresentou um estudo no qual consórcios que operam o serviço na cidade e região metropolitana registram uma perda financeira de R$ 755 milhões a mais do que os R$ 545 milhões estimados para os sete anos vigentes de contrato com a Urbs.

O estudo foi desenvolvido pela consultora Ernest & Young, que já fez pesquisas semelhantes para empresas do transporte de São Paulo e Belo Horizonte. A metodologia considerou como base os contratos de concessão dos consórcios Pontual, Pioneiro e Transbus, e projeções financeiras e técnicas contando, inclusive, os próximos anos de contrato – até 2025.

Tarifa técnica

Apesar de ter reajustado a passagem, de R$ 3,70 para R$ 4,25 no dia 6 de fevereiro, a prefeitura de Curitiba continua repassando às empresas do setor a tarifa técnica de R$ 3,66. Cálculos ainda estão sendo feitos pela Urbs para definir o novo valor, que pode chegar, segundo a Urbs, a R$ 4,31. Isso só será possível caso haja comprovação de investimentos das empresas.

No fim de janeiro, as empresas emitiram nota defendendo uma tarifa técnica de R$ 4,57, considerando todos os parâmetros contratuais e a queda no número de usuários do sistema.

O novo valor deve ser repassado a partir de 26 de fevereiro.

Segundo o diretor da Setransp, dificilmente as empresas conseguirão, em algum momento durante a vigência do contrato, obter a taxa de retorno de investimentos prevista em contrato, de 8,6% ao ano. “Já foi provado que não é lucrativo, as empresas trabalham no vermelho”, afirma.

O resultado desse desequilíbrio econômico, conforme César, reflete na dificuldade para renovação da frota do sistema e no pagamento das demais despesas dos consórcios, como insumos e a própria folha de pagamento dos trabalhadores do setor. As empresas já recorreram ao Ministério Público e obtiveram uma liminar para deixarem de cumprir a exigência contratual que previa a compra de veículos novos. “Vendemos ativos, fizemos aporte de capital, tomamos empréstimos e estamos com as linhas de crédito fechadas na praça, a fim de que o transporte não pare em Curitiba. O sistema não parou em respeito ao cidadão”, argumenta o diretor da Setransp.

Para o representante das empresas, entre os fatores que contribuem para essa defasagem econômico-financeira está o uso irregular da gratuidade e as previsões equivocadas da Urbs quanto à demanda de usuários pagantes do sistema. Uma projeção feita pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que a metodologia usada pela Urbs para estimar o número de passageiros do ano seguinte e definir políticas de tarifa tem uma diferença de 7% do realizado, em vez de 0,7% obtido pela instituição. Na conta da UFPR, entram dados como dias letivos, finais de semana e feriados, além da tendência de queda no número de usuários do ano anterior.

Negociação

César diz que o Setransp está em busca de uma decisão rápida e imediata com a nova gestão da prefeitura. Ele assinala que a entidade tem propostas de melhoria que passam pela modernização do sistema de bilhetagem eletrônica – com inclusive biometria facial dos usuários – e diminuição de custos com estações-tubo e cobradores. Segundo ele, esses profissionais devem passar por uma requalificação.

Apesar da discussão entre a Urbs e o Tribunal de Contas sobre o reajuste da passagem, de R$ 3,70 para R$ 4,25, o diretor preferiu não falar sobre qual seria a tarifa técnica ideal. “Não estamos tratando de tarifa técnica. A tarifa técnica está sendo calculada de acordo com os custos e situações apresentadas através da convenção coletiva do trabalho. Precisa ser definido ainda o salário dos trabalhadores para que se feche a planilha técnica e tenhamos um número real”, defende.

César sinalizou que o empresariado também não deve recuar com a proposta apresentada aos trabalhadores. Os funcionários do setor, por sua vez, já rejeitaram a oferta de 3,81% de reajuste. Eles pedem 15% de aumento.

Comércio

A ACP divulgou nota nesta sexta (17) afirmando que se preocupa com a solução do impasse envolvendo empresas do transporte público e a prefeitura de Curitiba. De acordo com a entidade, as greves no sistema trazem também prejuízos à sociedade e à economia do estado. A ACP calcula que 70% dos custos com a tarifa na capital são custeados por empregadores por meio do vale-transporte em Curitiba.

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