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Morador de rua na Esplanada dos Ministérios, em Brasília: redução da miséria é a principal promessa da presidente Dilma | Wilson Pedrosa/AE
Morador de rua na Esplanada dos Ministérios, em Brasília: redução da miséria é a principal promessa da presidente Dilma| Foto: Wilson Pedrosa/AE

Recorte do Censo

"Miseráveis" do Brasil são negros, pardos e jovens

O IBGE detectou que a maioria dos brasileiros que vive em famílias com renda per capita abaixo de R$ 70 é formada por negros e pardos (70,8%) e tem até 19 anos (50,9%). "O Censo demonstrou que quanto maior a renda, maior o contingente de brancos", explicou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. "Também é uma população de baixa longevidade, com muitas crianças", descreveu.

O perfil do grupo foi apresentado ontem sobre quatro aspectos – além de cor e idade, por sexo e pela distribuição entre as cinco regiões do país e por zona rural. A divisão entre homens e mulheres é praticamente idêntica (50,5% contra 49,5%, respectivamente). Do total de 16,2 milhões, 9,6 milhões vivem no Nordeste, 2,7 milhões no Sudeste, 2,7 milhões no Norte, 715 mil no Sul e 557 mil no Centro-Oeste.

Além disso, 53,3% do total vivem nas cidades e 46,7% no campo. A porcentagem, entretanto, é mais preocupante na zona rural. Dos 29,9 milhões de brasileiros que vivem no campo, um a cada quatro encontra-se em situação de pobreza extrema (25,5%). Entre os 160,9 milhões que habitam os centros urbanos, a porcentagem é de apenas 5,4%. (AG)

  • O governo federal definiu ontem a linha oficial da miséria. Veja

Principal promessa da presidente Dilma Rousseff (PT), a erradicação da pobreza extrema no Brasil até 2014 já tem alvo definido: 16,2 mi­­lhões de pessoas com renda familiar mensal per capita de até R$ 70. O contingente representa 8,5% do total de 190,8 milhões de habitantes, de acordo com dados preliminares do Censo de 2010. Mais da metade do grupo (52,7%) vive no Nordeste e apenas 4,4% no Sul.A ministra do Desen­­volvimento Social, Tereza Campello, explicou ontem que o valor da renda escolhido para delimitar a linha de extrema pobreza no país é baseado em informações do Bolsa Família e nas Metas do Milênio das Nações Unidas. A definição do público vai nortear o plano Brasil sem Miséria, que será lançado pelo governo na segunda metade deste mês. Tereza adiantou que o plano vai combinar novos programas sociais com outros já existentes.

O trabalho será feito a partir de três eixos: transferência de renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva. "Estamos falando de uma população extremamente pobre [de renda] e também carente do conjunto dos outros serviços. Isso justifica que o governo federal tenha um olhar que priorize esse público", afirmou a ministra.

Ela sinalizou que há possibilidade de que o Bolsa Família beneficie mais gente, mas sem mudanças nas regras atuais. Segundo Tereza, o programa é "reconhecidamente bem focalizado" e já abrange 85% das pessoas que se encaixam nos requisitos. "Mas queremos ir atrás dessa população [os 15% que faltam]. Vamos melhorar e qualificar o cadastro."

Universo

Os dados iniciais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os brasileiros que se encontram abaixo da linha de extrema pobreza adotada pelo governo ainda não computam os que já são beneficiários dos atuais programas sociais. O universo de "miseráveis" foi constituído a partir da declaração de renda feita durante o Censo do ano passado. Para evitar distorções, foram utilizados filtros que estimaram dados como a presença de banheiro, saneamento e água tratada nas residências do grupo.

Ao final, o contingente de pessoas sem qualquer rendimento mensal foi calculado em 4,8 milhões. Outros 11,4 milhões têm rendimento médio domiciliar per capita entre R$ 1 e R$ 70. "Não estamos falando de um número residual, a pobreza extrema ainda atin­­ge quase um a cada dez brasileiros", alertou o presidente do Ins­tituto de Pesquisa Econômica Apli­cada (Ipea), Márcio Pochmann.

A secretária extraordinária de Erradicação da Extrema Pobreza, Ana Fonseca, admitiu que o desafio de erradicar a miséria em quatro anos proposto por Dilma é complexo, mas que há condições de cumpri-lo. "Sim, nós faremos", declarou Ana. "Mas quero alertar que quando falamos em erradicar não falamos em zerar, mas reduzir a algo bem irrisório, dentro de certos padrões", explicou.

Para a ministra, o sucesso do plano dependerá de um esforço conjunto da sociedade e das diferentes esferas de poder. "O plano terá um caráter extraordinário, será uma força-tarefa que inclui o conjunto da população brasileira", afirmou Tereza.

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