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Procissão nas ruas do Centro: momento de reflexão e de agradecimento | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Procissão nas ruas do Centro: momento de reflexão e de agradecimento| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
  • Paixão de Cristo, na Pedreira: tradição de 32 anos

A fiel Elizângela Vieira Domin­gues estava lá, no fim da fila. Vinha de pés descalços e com o sorriso no rosto: ontem foi o dia de ela e o marido agradecerem pela graça alcançada. A filha Letícia havia fraturado o fêmur e poderia ter ficado manca, mas estava ontem na Procissão do Senhor Morto correndo para todos os lados, feliz. "Mi­­nha mãe fez a promessa: se Letícia não ficasse com lesões, viríamos todos os anos à procissão. Ela está ótima e agora é minha vez de agir. Estou aqui para cumprir o acordo feito com Nossa Senhora", fala Elizângela.

Sorridente também estava a fiel Ana Nosina, 62 anos, que caminhava na procissão como alguém que estivesse em casa. Afinal são 33 anos de devoção e muita história para contar. "Só vou lhe dizer a minha maior conquista, porque senão ficaríamos a tarde toda conversando. Nossa Senhora salvou meu sogro que chegou no hospital, uma vez, com a pressão 4 por 0. De lá para cá nunca mais deixei de vir", diz.

A Procissão do Senhor Morto é o momento para pagar promessas, mas também havia muita gente que usou a tarde de Sexta-Feira San­ta apenas para agradecer ao Senhor por tudo o que tem recebido. "Vim para agradecer. Estou com dor nas pernas e nos pés, mas se temos força para passear no feriado, por que não vir aqui para ficar um pouco com Deus?", questiona a fiel Nadir de Oliveira.

A procissão saiu às 15h45 de três igrejas diferentes e os fiéis foram se encontrando durante o caminho – no final havia cerca de 20 mil pessoas, segundo a organização do evento. O padre Celso Vieira da Cruz, do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, lembrou que "Cristo era um sacerdote por excelência". Só do Santuário saíram cerca de 3 mil pessoas.

Na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe a procissão ganhou ainda mais corpo: os fiéis das duas igrejas se uniram no momento em que o corpo de Cristo também encontrou sua mãe, Nossa Senhora Aparecida. Muitos fiéis se emocionaram com a cena e até mesmo quem não estava na procissão seguiu a multidão até a Catedral Metropolitana de Curitiba. Havia pessoas de todas as idades, de bebês a idosos que encheram a Avenida Marechal Deodoro com orações e cantos. O padre Donizete Vieira da Cruz, que seguia junto com o caminhão de som, lembrou que o encontro de Jesus com sua mãe era o momento ideal para que todas as mães pensassem também em seus filhos e rezassem por todos aqueles que passavam por alguma dificuldade ou, ainda, que haviam se perdido nas drogas.

O padre Reginaldo Manzotti disse que a procissão é a identificação do sofrimento do povo com Jesus e a forma de as pessoas se sentirem responsáveis na fé. "É uma penitência. Elas vêm com o sentimento de provocarem ex­­purgação, de tirar os pecados, e voltam para casa renovadas. Todo o esforço é uma sensação de alívio", afirma.

A procissão chegou ao fim por volta das 17 horas, quando o caminhão de som parou ao lado da Catedral e o arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr Vitti, aproveitou para receber os fiéis e lembrar que a morte de Jesus Cristo foi feita com violência por causa de inveja e ciúmes. "Hoje também estamos vivendo um período de violência que impressiona. Temos mais de 30 mortes a cada fim de semana em Curitiba, o que demonstra a falta de respeito à dignidade humana. Não podemos ficar de braços cruzados, temos de agir. Afinal, Cristo veio para trazer a vida em abundância e não o contrário", disse.

Após o encerramento da procissão, os fiéis entraram na catedral para beijar Jesus na cruz.

Paixão

Os 1,2 mil atores que fizeram parte do espetáculo Encenação da Paixão de Cristo relembraram a caminhada e história de Jesus ontem na Pedreira Paulo Leminski. Três palcos montados disputaram a atenção das 20 mil pessoas que estiveram no local, de acordo com a organização do evento.

Neste ano, o grupo Lanteri, que organiza o espetáculo, escolheu uma mulher para narrar as cenas e, assim, facilitar a compreensão da peça. Houve quem chegasse três horas antes para garantir um bom lugar. "É a sexta vez que venho e chego cedo porque quero ver tudo de muito perto. Vale a pena", afirma Aline de Souza, 19 anos. Elizabete dos Santos, 48 anos, foi ver o espetáculo pela primeira vez e também chegou cedo. "Dizem que é muito bonito. Não me importo de esperar", disse.

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