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Comunidade do bolsão Audi-União, no Uberaba: bairro registrou 39 crimes violentos em 2009 | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Comunidade do bolsão Audi-União, no Uberaba: bairro registrou 39 crimes violentos em 2009| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Ano-novo

Réveillon foi mais violento

José Marcos Lopes

Doze crimes cometidos por arma de fogo, arma branca e agressão, foram registrados nas primeiras 19 horas de 2010. No réveillon de 2008/2009, foram dois assassinatos notificados. No total, a virada do ano de 2010 teve 16 mortes violentas, entre acidentes de trânsito e queimadura.

O que mais chamou a atenção foi um duplo homicídio cometido na Vila Verde, na Cidade Industrial de Curitiba, em que morreu um menino de 5 anos e um homem de 55 anos. O crime teria ocorrido na madrugada de 1º de janeiro. Moradores chamaram o Corpo de Bombeiros e informaram que havia um incêndio no local. Ao chegarem, os bombeiros encontraram o corpo de Eduardo Ferreira da Silva, 5 anos, baleado no abdome, na cabeça e no ombro. Ao lado estava o corpo de Gilmar Moura dos Santos, 55 anos, com um tiro na cabeça. O pai de Eduardo teria tentado defender o filho e foi baleado no ombro, mas teria se recusado a ser atendido, segundo a Polícia Militar.

textoA violência registrada em Curitiba e região metropolitana no último dia de 2009 confirma um aumento de 15% em crimes por arma de fogo, arma branca e agressão em relação a 2008. Entre as nove ocorrências de mortes violentas registradas no Instituto Médico-Legal (IML) entre 1 hora e 23h30 do dia 31 de dezembro, cinco foram de assassinatos.

No ano passado foram registrados no Instituto 1.685 casos em Curitiba e região metropolitana, contra 1.465 de 2008. Entre os ti­­pos de crimes, os que usaram arma branca e foram motivados por agressões físicas foram os que mais cresceram no total geral (veja quadro).

O levantamento foi feito pela Gazeta do Povo, com base nos boletins diários divulgados pelo IML. Não há dados oficiais dos doze meses de 2009 porque a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) não divulgou as estatísticas do segundo semestre. Esses números deveriam ter sido apresentados em dezembro e estão sendo auditados pela Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (Cape), segundo a Sesp.

Em resposta à reportagem que foi enviada por e-mail sobre o índice de aumento de violência, a Secretaria de Segurança alerta que não reconhece as informações dos boletins do IML como dados estatísticos, pela falta de relação entre o registro e a ação, criminosa ou não. No texto, a secretaria considera que usar dados do IML para dimensionar a violência "é um erro".

Na mesma nota, a Sesp informa que aumentou em mais de 110% o orçamento da área entre os anos de 2003 e 2009. Entre as prioridades, estão o combate ao tráfico de drogas, a repressão ao crime organizado, o combate à corrupção policial, a modernização das técnicas de combate ao crime e o policiamento comunitário, entre outros.

Localização

Considerado o maior bairro de Curitiba, tanto em área quanto em população, a Cidade In­­dus­­trial de Curitiba (CIC) encerra 2009 no primeiro lugar da lista dos locais mais violentos da capital. Para o presidente do Conselho de Segurança da CIC, Valter César, esse é um resultado que a comunidade lamenta. "Voltamos a ter a sensação de que a CIC está mais perigosa", disse. Ele lembra que a violência cresceu nos últimos três meses. A região fechou o ano com 98 crimes cometidos por arma de fogo, arma branca e agressão. "Houve um certo descontrole", assume. A CIC ficou acima do Boqueirão e Tatuquara (44 ca­­sos). O bairro Uberaba ficou em quarto lugar, com 39 casos. Em outubro, uma chacina ma­­tou oito pessoas.

Para o presidente do Conseg da CIC, o problema vai além da falta de policiamento. De acordo com César, enquanto não houver o incremento na infraestrutura social – com oferta de cursos profissionalizantes, projetos culturais e educacionais e incentivo à colocação dos jovens no mercado de trabalho – a situação tende a se manter. Ele pretende apresentar um projeto onde empresas da CIC teriam a obrigação social de ofertar um mínimo de vagas para os moradores da região. "O desemprego e a ociosidade propiciam o uso do álcool e, consequentemente, os casos de homicídios".

RMC

Na região metropolitana, São José dos Pinhais é a cidade com maior número de crimes registrados em 2009, com 136 casos. Em 2008, foram 97. Colombo manteve-se em segundo lugar com 92 assassinatos. Em 2008, foram 96.

Mesmo diante do panorama, o delegado titular da delegacia de São José dos Pinhais, Osmar Dechiche, não considera a cidade como a mais violenta. Ele lembra que São José é a mais populosa da RMC. "O crime não tem divisas geopolíticas. A violência é uma situação conjetural do país, principalmente com a globalização da droga", avisa Dechiche.

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