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Esquina da Visconde de Nácar com Fernando Moreira (Centro): um dos pontos em que a água subiu | Walter Alves/Gazeta do Povo
Esquina da Visconde de Nácar com Fernando Moreira (Centro): um dos pontos em que a água subiu| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Professora morre ao tentar salvar o carro

Das agências

O verão começou com morte e prejuízos causados pela chuva em São Paulo. Um temporal de pouco mais de meia hora na Zona Sul de São Paulo, por volta de 23 h de terça-feira, causou a morte da professora Michele Borges, de 28 anos, próximo à Estrada do M’Boi Mirim. Ela desceu do prédio onde mora e tentou salvar o seu carro, um Fiat Uno branco, que estava sendo levado pela enchente no estacionamento do condomínio.

O muro do estacionamento havia sido derrubado com a força das águas. Ela estava no carro quando o muro cedeu. A professora conseguiu sair pelo porta-malas e agarrou-se ao parachoques, mas não aguentou e foi arrastada pela enxurrada por mais de 2 quilômetros. O corpo dela foi encontrado pelos bombeiros numa garagem de ônibus da região.

"Tentamos salvá-la, mas ela não conseguiu segurar a mangueira do hidrante que usamos como corda, e se perdeu no meio da água", disse Marcos Camargo Júnior, morador da região e amigo de infância de Michele. "O carro a gente recupera. O pior é minha vizinha que se foi", disse o agente de Correios, Ludgere Guimarães.

Segundo os moradores, cerca de 70 carros foram danificados no condomínio.

Com as chuvas, uma cratera se formou na Rua Daniel Klein, na Zona Sul. Um carro caiu dentro do buraco, mas ninguém ficou ferido. Foram registrados pelo menos três pontos de alagamento na cidade: no entroncamento entre as avenidas Guido Caloi e Guarapiranga; na esquina da Estrada de Itape­cerica com a Rua Manuel de Bur­gos, no Campo Limpo; e na Rua Nova Britânia, Cidade Dutra. O Centro de Gerenciamento de Emergências colocou a cidade em estado de atenção entre 23h15m de terça e 0h45m de quarta.

  • Cratera se formou na Zona Sul de SP: carro caiu no buraco
  • Veja o índice de chuva ano a ano em Curitiba

Se você tem a impressão de que choveu demais neste ano em Curitiba, não está errado. O ano de 2010 foi o mais chuvoso da década na capital paranaense – o índice de precipitações já superou a quantidade de chuvas registrada em 2009 que, até então, era o ano mais chuvoso desde 2000.

Segundo dados do Instituto Tecnológico Simepar, até o dia 22 de dezembro, às 18 horas, Curitiba acumulou 1.744,2 milímetros (mm) de chuva ao longo do ano – lembrando que 1 mm de chuva é o equivalente a 1 litro de água em uma área de 1 metro quadrado. A média histórica anual para a cidade varia entre 1.400 e 1.500 mm de chuva (ver tabela completa abaixo).

O motivo para tanta chuva, de acordo com os especialistas, está no começo do ano, quando a capital estava sob a influência do fenômeno climático El Niño, que costuma aquecer as águas do Oceano Pacífico. "O El Niño muda a circulação dos ventos na atmosfera, favorecendo a presença de forte umidade. Quanto mais umidade, mais chuva", explica o meteorologista do Simepar, Samuel Braun.

Em Curitiba, o El Niño atuou com intensidade principalmente nos quatro primeiros meses de 2010. Prova disso é que janeiro foi o mês mais chuvoso do ano na cidade, com 348 mm de precipitação registrados. "Neste primeiro mês, não houve registro de chuva em apenas dois ou três dias", lembra Braun. Também nos meses iniciais, foi registrada a temperatura mais alta do ano: 33,7°C, em 7 de fevereiro.

Exatamente seis meses depois do pico mais alto de temperatura, ocorreu o dia mais frio do ano na capital. Em 7 de agosto, os termômetros marcaram apenas 3,2°C. O oitavo mês do ano, aliás, foi o mais seco do período com apenas 47 mm de chuva.

Surpresa em dezembro

Com o fim da influência do El Niño, esperavam-se índices de chuva abaixo da média na reta final de 2010. No entanto, o mês de dezembro frustrou as expectativas. Em vez de shorts e camisetas, o que mais se viu nas ruas de Curitiba, às vésperas do verão, foram casacos e guarda-chuvas. Além do frio, que chegou a ocasionar a menor temperatura máxima dos últimos 13 anos para o período, os temporais também estiveram presentes e causaram estragos. Considerando capital e região, cerca de 12 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas. Dentre elas, pouco mais de mil tiveram de deixar as residências provisoriamente.

Tudo foi causado por uma frente fria que veio acompanha de umidade vinda do Oceano Atlântico. Em apenas dois dias, 13 e 14 de dezembro, choveu o que era esperado para o mês inteiro, cerca de 150 mm. Ao longo de todo dezembro, até ontem, às 18 horas, foram 295,2 mm de chuva.

Verão

Mas o que os curitibanos podem esperar do verão? Segundo Braun, a expectativa é de bem menos chuvas do que neste ano, justamente em razão do La Niña, fenômeno que resfria as águas do Pacífico, oposto ao que predominou no início de 2010. "O La Niña deve prevalecer até o outono do ano que vem e não traz tanta umidade, por isso as chuvas serão mais irregulares. A tendência é que tenhamos índices próximos ou abaixo da média", afirma o meteorologista.

No entanto, o guarda-chuva é um acessório que não deve ser esquecido. "Mesmo que as precipitações não sejam tão intensas como neste ano, não significa que não teremos chuvas. O verão é, naturalmente, uma época chuvosa", alerta Braun. As médias históricas de janeiro, fevereiro e março são, respectivamente, de 165 mm, 140 mm e 130 mm, segundo o Simepar.

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