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Balanço

Apesar de benefícios, faltam políticas comuns, dizem prefeitos

Atalaia, a cerca de 50 quilômetros de Maringá, integra desde 2010 a Região Metropolitana de Maringá (RMM). Apesar da distância da cidade polo, o prefeito da cidade, Fábio Vilhena (PT), afirma que entre os pontos positivos da situação está a redução do custo das ligações telefônicas, cobradas como chamadas locais desde 2011 para todas as cidades integrantes da RMM.

Apesar de entusiasta da Região Metropolitana, Vilhena admite que ainda faltam políticas comuns a todos os municípios integrantes. "Cerca de 3% da população de Atalaia vai e volta todos os dias de Maringá. Se houvesse um transporte integrado, isso ajudaria todos os trabalhadores que têm essa rotina."

Já em Doutor Camargo, a cerca de 30 quilômetros de Maringá, cerca de 12% dos trabalhadores precisam se deslocar diariamente para cumprir suas jornadas de trabalho. Para o prefeito Sérgio Borges dos Reis (PSDB), isso demonstra a falta de política de incentivo para a região metropolitana propriamente dita. Segundo o levantamento feito pelo Observatório das Metrópoles, diariamente, 42 mil pessoas da região vão para Maringá trabalhar.

A Região Metropolitana de Londrina (RML) ganhou oito novos municí­pios – Centenário do Sul, Uraí, Guaraci, Prado Fer­reira, Miraselva, Lupio­nó­polis, Rancho Alegre e Ser­taneja – e um acréscimo de 56 mil novos habitantes devido a uma lei sancionada pelo governador Beto Richa no fim do ano passado. Com isso, 107 das 399 cidades paranaenses integram regiões metropolitanas. Atualmente, o estado conta quatro regiões metropolitanas: Curitiba, Londrina, Maringá e Umua­rama. Os dados são do Ins­tituto Paranaense de Desen­volvimento Econômico e So­cial (Ipardes).

Entre as vantagens apontadas por prefeitos está o aumento no subsídio habitacional, por meio da Caixa Econômica Federal. Qualquer município pertencente a uma RM terá o subsídio equivalente ao teto disponível ao município mais populoso da região. Um morador de Atalaia, integrante da Região Metropolitana de Maringá (RMM), teria o subsídio de R$ 90 mil disponível para municípios com menos de 50 mil habitantes. No entanto, por integrar a RMM, o valor disponível para o mesmo morador passa a ser de R$ 145 mil, pois segue o teto disponível para Maringá, cidade com mais de 250 mil habitantes.

A Caixa esclarece que não há diferenciação para valores de seguro-desemprego ou para programas como Minha Casa, Minha Vida para municípios integrantes de regiões metropolitanas. "Nestes casos, os valores são calculados por outros critérios. Sobre seguro-desemprego, por exemplo, a variação do benefício depende da renda e tempo de serviço do trabalhador", esclarece a assessoria.

Problemas

Benefícios como o aumento do subsídio habitacional são apresentados por prefeitos das pequenas cidades integrantes de regiões metropolitanas como vantagens em integrar organizações urbanas deste tipo. No entanto, para a diretora do Observatório das Metrópoles, Ana Lúcia Rodrigues, essas são vantagens mínimas diante do ônus enfrentado pelas pequenas cidades. "O que é normalmente defendido, é ilusório. Os pequenos municípios pagam preços muito altos para integrar uma região metropolitana. É isso que precisa ser repensado."

Ana Lúcia completa, dizendo que a integração de novos municípios às regiões já existentes é um erro. "A Região Metropolitana de Londrina caminhava bem porque era a RM do Paraná com menos municípios. Agora, com a extensão do território, os problemas da cidade tendem a aumentar."

Municípios menores se sacrificam

A coordenadora de Obser­va­tório das Metrópoles, Ana Lú­cia Rodrigues, defende que a par­ticipação de um número ele­vado de municípios que não estejam conurbados à cidade polo prejudica a realiza­ção de práticas metropolitanas. Ela faz críticas a integrações que beneficiam bases eleitorais de determinados políticos e anulam a questão fundamental a uma região metropolitana: reunir municípios com objetivos e problemas comuns. "Os atuais gestores públicos estão brincando. Estão se aproveitando de um modelo que, se bem praticado, é muito eficiente."

Segundo Ana Lúcia, as políticas metropolitanas devem priorizar a solução de problemas comuns como trânsito, violência e problemas sociais. No entanto, ela afirma que o mais comum é que os municípios no entorno se sacrifiquem em prol da cidade polo. "Essas ficam com o bônus que é apresentado em cartão postal. Mas esse esplendor todo só é possível por causa dos problemas que são colocados para escanteio nas cidades periféricas." A professora defende que, por isso, existe uma dívida histórica dos polos com essas cidades para que haja um desenvolvimento mais homogêneo, comum, em toda a região metropolitana.

Para políticas mais precisas, Ana Lúcia defende que a criação de regiões metropolitanas deve obedecer a critérios comuns entre as cidades. "A decisão de integrar ou não uma área metropolitana tem obedecido, unicamente, a questões políticas." Ela pontua que o Estatuto da Metrópole, aprovado pela Câmara dos Deputados no início deste mês, é um importante passo para a definição de políticas específicas para aglomerações urbanas deste tipo."O Estatuto será uma régua que determinada os pontos em comuns que devem ser trabalhados", acredita.

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