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Para alcançar índice satisfatório, embarcação precisa cumprir 90% dos itens do check-list | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Para alcançar índice satisfatório, embarcação precisa cumprir 90% dos itens do check-list| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Cerca de 27% dos navios de cruzeiro que circularam pela costa brasileira entre outubro de 2010 e maio deste ano apresentaram alguma irregularidade sanitária, principalmente em relação à falta de potabilidade da água usada a bordo e ao armazenamento inadequado de alimentos. A informação foi divulgada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) durante o Encontro Anual de Avaliação da Temporada de Navios de Cruzeiro 2010/2011, realizado no Rio de Janeiro.

Na última temporada, 45 navios circularam pela costa brasileira. Destes, 41 foram inspecionados e 11 apresentaram problemas. Para alcançar o índice considerado satisfatório, a embarcação precisa cumprir 90% dos itens do check-list.

Na avaliação da própria Anvisa, o número de problemas ainda é elevado, porém a quantidade de pessoas que apresentaram algum tipo de doença a bordo diminuiu este ano: foram 792 casos – redução de 82% em relação aos 4.441 episódios anotados em 2010. Ainda assim, o dado atual está bem acima dos 429 casos ocorridos em 2009.

Dos quase 800 problemas de saúde registrados a bordo de navios de cruzeiro neste ano, 38% são de diarreia aguda, relacionada principalmente ao norovírus – transmitido por meio da ingestão de alimentos contaminados. Quase 80% das ocorrências foram registradas em passageiros. Já os casos de influenza representaram 39% das notificações de doenças: a maior parte nos tripulantes (66%).

Guia

Em 2009, a Anvisa elaborou um guia sanitário direcionado aos representantes do setor de cruzeiros. O material traz informações sobre procedimentos de monitoramento de casos suspeitos de doenças transmissíveis a bordo de navios e padroniza procedimentos de controle sanitário. Os dados devem ser passados diariamente à agência.

"Com essas informações, a Anvisa acompanha periodicamente a situação de saúde de todos os navios de cruzeiro que operam na costa brasileira", diz o diretor da Anvisa, José Agenor Álvares. O objetivo é fazer com que 100% das embarcações cumpram as exigências sanitárias.

"Percebemos que a partir do momento em que aumenta o número de navios adeptos ao regulamento sanitário, o número de doenças a bordo abaixa", conclui Álvares.

Cuidados começam com passageiro

Garantir uma viagem sem problemas de saúde a bordo deve começar com uma boa avaliação individual das próprias condições de saúde. "Uma situação de confinamento, como é o caso dos cruzeiros, requer que as pessoas pensem como está a sua saúde hoje. Será que posso ficar longe do meu médico por esse tempo?", questiona o gastroenterologista Jorge Carlos Machado Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina e vice-presidente da Associação Médica Brasileira.

Quem tem doença crônica, por exemplo, deve redobrar os cuidados, segundo o especialista. Além disso é importante procurar saber quais as condições climáticas dos locais por onde o navio vai passar – se faz frio ou calor e como isso pode afetar a sua saúde. Questionar, antes mesmo do início da viagem, qual a estrutura de apoio médico aos passageiros também é importante.

Os cuidados com o que ingerimos a bordo são outro fator a ser observado. "Alguns alimentos são mais suscetíveis à contaminação em temperaturas mais elevadas, como a maionese", aponta Curi. Por isso, a bordo, é importante dar preferência a alimentos mais frescos e manter-se sempre hidratado. Cuidar da higiene pessoal – lavando sempre as mãos, principalmente – e circular por locais bem arejados também é imprescindível, segundo o médico. Em caso de diarreias, febres ou gripes, o ideal é buscar a assistência médica do navio.

Para Curi, além de haver medidas educativas – como a disposição de informativos sobre saúde aos passageiros –, maior fiscalização dos órgãos competentes e um planejamento adequado das empresas responsáveis pelos navios; garantir a saúde de todos a bordo é, sobretudo, dever do passageiro. Ele deve cobrar, fiscalizar e exigir boas condições sanitárias. "Ninguém substitui a ação do próprio indivíduo", conclui.

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