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 | Daniel Derevecki /Gazeta do Povo/Arquivo
| Foto: Daniel Derevecki /Gazeta do Povo/Arquivo

Quando o assunto é consumo de álcool e cigarros por adolescentes, o problema é sério. O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes da UFRJ divulgou uma pesquisa em parceria com o Ministério da Saúde que mostra o perfil deste consumo por parte de adolescentes entre 12 e 17 anos. Segundo o levantamento, que entrevistou 74,5 mil jovens no país, 18,5% dos brasileiros nesta faixa etária já experimentaram cigarro – o que representa cerca de 1,8 milhão de adolescentes.

O consumo de álcool pelos adolescentes também foi estudado pelos pesquisadores, que concluíram que 24,1% dos entrevistados afirmaram que beber pela primeira vez antes dos 12 anos de idade. Em Curitiba, o número é ainda maior - 28.8% dos adolescentes afirmaram ter experimentado bebidas alcoólicas antes dos 12. O consumo de cigarro entre os adolescentes curitibanos também chama a atenção - Curitiba é a quarta capital com a maior prevalência de jovens que afirmaram ter experimentado cigarro pelo menos uma vez - são 23,4%.

Para o médico psiquiatra e professor da PUCPR Dagoberto Requião, o grande consumo de bebidas e cigarros pelos adolescentes não é uma exclusividade do Brasil e que, apesar dos dados serem preocupantes, este tipo de comportamento vem sido mantido por gerações - muitas vezes com a aprovação da família. “Além da facilidade com que o álcool e o cigarro são adquiridos, a família tem um papel muito importante já que na maioria das vezes o consumo acontece dentro de casa, com um gole de vinho ou a espuma da cerveja”, disse.

Esse hábito, que parece inofensivo, pode se agravar conforme a adolescência avança. O período, de acordo com o professor, é de bastante sofrimento para a maioria dos indivíduos. “A adolescência já é um período difícil, em que o jovem não se identifica nem como criança, nem como adulto. A tendência é que essa seja uma fase de autoafirmação, da busca pelo prazer e também do desafio ao perigo. É aqui que entra o álcool, o cigarro, a experimentação”, comentou.

Os tipos de bebida que os jovens tem consumido geram preocupação para o professor. “Cada vez mais os adolescentes apresentam a necessidade de se embriagar mais rapidamente. Por isso tem escolhido bebidas mais fortes, como os destilados”, afirmou. De acordo com a pesquisa, 34,3% dos entrevistados afirmam preferir bebidas como rum, a vodca ou a tequila contra 22,3% que dizem consumir cerveja com mais frequência. O psiquiatra destaca o consumo de tequila pelos jovens. “A tequila é uma moda que demostra essa vontade de se embriagar com mais rapidez, até mesmo pelo ritual que a envolve”.

O consumo de cigarro, de acordo com o professor, preocupa ainda mais. “O cigarro também entra na experimentação, mas pesquisas mostram que é as pessoas conseguem abrir mão do vício do álcool mais facilmente do que o vício no tabaco”, ponderou.

Perigos maiores do que a própria saúde

Os riscos para a saúde dos jovens são maiores do que os danos causados pelo consumo destas substâncias por adultos - isso porque as principais doenças causadas pelo abuso do álcool e do cigarro estão relacionadas ao consumo por um grande período de tempo. Apesar dos danos físicos não serem verificados de imediato em jovens, os perigos são mais evidentes. “Um jovem já apresenta essa necessidade autoafirmação. Um adolescente embriagado se expõe a fatores de risco com uma facilidade maior, como fazer sexo sem proteção, envolvimento em acidentes de trânsito e até mesmo em brigas violentas”, afirmou Requião.

A solução para o problema, de acordo com o professor, é uma só: a prevenção. “É preciso que os pais conversem com seus filhos, que se fale sobre os riscos do consumo de álcool e cigarro nas escolas, nas empresas, na sociedade como um todo”, concluiu.

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