• Carregando...

Policiais serão capacitados para atendimento

A criação de uma delegacia especializada no atendimento ao idoso, nos moldes das que já existem em São Paulo e Minas Gerais, ainda não tem data para ocorrer no Paraná. A dificuldade é a falta de pessoal. Mas a Secretaria de Estado da Segurança Pública pretende capacitar os policiais ao atendimento das pessoas de idade, conforme prevê o Estatuto do Idoso.

A representante da secretaria no Conselho Estadual dos Direitos dos Idosos (Cedi), delegada Iara Dechiche, informa que a capacitação está sendo formatada. "A carga horária para a capacitação entregue pelo conselho foi considerada alta pela academia da polícia por conta dos afazeres dos policiais. Por isso estamos fazendo uma adaptação", diz. A delegada ressalta que os policiais de todas as delegacias já foram notificados de que os idosos têm prioridade no atendimento.

Para Urandy Ribeiro do Val, 72 anos, membro da Comissão Municipal de Saúde do Idoso, é fundamental que o policial tenha essa capacitação. Segundo Val, o que se pede é apenas que o idoso seja tratado sem preconceitos. "Não é porque a pessoa ficou velha que ela ficou burra, que não entende as coisas", ressalta.

Primos faziam mulher dormir no quintal

A vida nunca foi fácil para Rosa Aparecida Nilse, 80 anos. Por conta de uma poliomielite que deixou seqüelas nas duas pernas, ela foi entregue para ser criada pelos tios e a relação com os primos nem sempre foi amistosa.

Leia matéria completa

Filho não visita a mãe há dois anos

As bebedeiras do filho mais novo – com quem foi viver em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, após sofrer um derrame – levaram Geralda Penha de Araújo, 83 anos, a pedir ajuda a uma amiga, voluntária em uma igreja católica, para procurar uma vaga em um asilo. O filho nunca chegou a agredi-la, mas dava muito trabalho por perder os sentidos quando bebia. "Vim para cá porque não agüentava mais sofrer", afirma.

Leia matéria completa

O desrespeito à pessoa de idade no Brasil, que faz com que o país pouco tenha a comemorar hoje, Dia do Idoso, não está apenas no atendimento deficitário prestado pelo serviço público – principalmente nas intermináveis filas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A falta de consideração começa em casa e tem no abandono um dos seus reflexos.

Dados do Disque-Idoso – serviço do Conselho Estadual do Idoso (Cedi), ligado à Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Promoção Social – e da Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba apontam o abandono em asilos e mesmo em casa como uma das principais infrações ao Estatuto do Idoso. No primeiro semestre de 2007, das 727 denúncias de maus- tratos encaminhadas ao Disque-Idoso, 158 referiam-se a negligência/abandono da família – um número só menor do que as queixas de agressões verbais e psicológicas (200).

A FAS constatou ainda que cerca de 40% dos 1,1 mil idosos que vivem nos 53 asilos da cidade não têm mais contato algum com a família. Quando o estudo se limita às 11 instituições públicas ou mantidas por fundações e organizações não-governamentais, a situação piora: 70% dos internos foram abandonados pelas famílias. "Muitas vezes, o idoso que está na instituição pública já foi abandonado antes mesmo de se tornar adulto. Portanto, nem família ele tem", acrescenta a coordenadora de Proteção Social Especial de Alta Complexidade da FAS, Carla Braun.

A presidente do Cedi, Schirley Follador Scremin, lembra que a atenção às pessoas mais velhas está prevista no Estatuto do Idoso (promulgado no dia 1.º de outubro de 2006, o que provocou a mudança do Dia do Idoso de 27 de setembro para hoje). Ou seja, é de responsabilidade da família ajudá-lo em caso de impossibilidade. Deixar de prestar essa assistência pode resultar em pena de seis meses a um ano de prisão, mais multa – o mesmo para casos de humilhações, discriminação e desdenho, com aumento para até 12 anos se houver morte. "Os filhos não têm o dever de amar os pais, mas têm, por lei, o de ajudar se o idoso estiver impossibilitado", ressalta Schirley.

Asilos

A coordenadora do Cedi lembra que as próprias instituições de longa permanência (como são chamados oficialmente os asilos) têm obrigação, também conforme o Estatuto do Idoso, de tentar manter o vínculo das pessoas de idade com a família. É que tenta fazer o Asilo São Vicente de Paulo, um dos maiores de Curitiba, de caráter público e que atende exclusivamente senhoras. Mesmo assim, o índice de ausência de contato com a família chega a 80%.

O padre José Aparecido Pinto, superintendente do São Vicente, afirma que a instituição sempre manteve essa política, mas que agora pretende intensificá-la. A intenção, explica o padre, é procurar os parentes das internas que são de outras cidades e restabelecer o relacionamento. "Ainda estamos estudando a melhor forma de fazer isso: se vamos trazer os familiares ou levar nossas idosas até eles", informa.

Pela experiência do padre, reavivar este relacionamento traz benefícios ao idoso. "Recentemente uma de nossas senhoras reencontrou o irmão que não via havia 30 anos. O comportamento dela mudou totalmente. Deixou de ser uma pessoa triste e passou a ser mais feliz", compara.

Serviço: denúncias de maus-tratos a pessoas de idade podem ser feitas ao Disque-Idoso, no telefone 0800-410001, ou pelo disqueidoso@setp.pr.gov.br.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]