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Nina Gomes, ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial | Tânia Rêgo/ABr
Nina Gomes, ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial| Foto: Tânia Rêgo/ABr

Um estudo divulgado ontem, no Rio de Janeiro, estima que mais de 42 mil adolescentes (com 12 a 18 anos) poderão ser assassinados nas cidades de mais de 100 mil habitantes entre 2013 e 2019. Isso significa que, para cada grupo de mil pessoas com 12 anos completos em 2012, 3,32 correm o risco de serem mortas antes de atingirem os 19 anos. Esse é o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) do Brasil, produzido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ), com dados de 2012.

INFOGRÁFICO: Confira o resultado da pesquisa de Evolução do Índice de Homicídios na Adolescência

Essa taxa de 3,32 representa um aumento de 17% em relação a 2011, quando o IHA chegou a 2,84. A Região Nordeste apresenta a maior incidência de violência letal contra adolescentes, com IHA de 5,97. O estado da Bahia concentra 70% dos municípios mais críticos dessa região. A menor taxa está no Sudeste (2,25 jovens em cada mil), onde os municípios litorâneos apresentam maiores índices que os do interior.

Na Região Sul, o Paraná apresentou um índice de 3,12, um pouco abaixo do nacional, mas acima dos estados vizinhos do Rio Grande do Sul (2,51) e Santa Catarina (1,14). Já Alagoas, Bahia e Ceará são os estados com os maiores IHA (veja no gráfico).

A arma de fogo é o principal meio utilizado nos assassinatos de jovens brasileiros – as chances de morrer vítima de arma de fogo é 4,67 vezes maior do que por outros instrumentos. Os assassinatos representam 36,5% das causas de morte dos adolescentes no país e são a principal causa de morte nesta faixa etária nos últimos 12 anos. Na população total, correspondem a 4,8%.

Desigualdade

O estudo aponta ainda que a possibilidade de jovens negros serem assassinados é 2,96 vezes maior do que os brancos. A ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nina Gomes, diz que a situação é complexa e envolve o enfrentamento do racismo. "Esse dado reafirma a urgência do debate sobre a igualdade racial e o enfrentamento do racismo. É uma questão de Estado, e não de municípios ou de determinados grupos."

Os adolescentes homens apresentam um risco 11,92 vezes superior de serem mortos em relação às meninas. "A desigualdade está caracterizada de forma muito clara no mapa da violência. Há desigualdade de raça, de gênero e com um corte de classe", disse a ministra da SDH, Ideli Salvatti, durante a apresentação da pesquisa.

Na ocasião, Ideli anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial para elaborar Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Letal de Crianças e Adolescentes.

A pesquisa

Para a elaboração do IHA, foram analisados 288 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. O levantamento tem como base os dados dos Censos 2000 e 2010, do IBGE, e do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.

Projeção x realidade

Em 2005, os pesquisadores do IHA estimaram que entre 2006 e 2012 mais de 35 mil adolescentes morreriam vítimas de homicídio, se as condições daquele ano não fossem alteradas. Agora, com dados de 2012, constatou-se que mais de 33 mil adolescentes foram, efetivamente, mortos no período, número apenas 5% inferior à projeção.

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