Análises feitas por pesquisadores do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) durante os últimos oito anos trouxeram resultados preocupantes com relação à taxa de colesterol e triglicérides em crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos. Dos cerca de 2 mil pesquisados, 44% apresentaram valores elevados de colesterol no sangue e mais de 50% tinham altas taxas de triglicérides.
Apesar de a pesquisa ter sido feita com jovens de Campinas, os resultados servem como parâmetro para análise da população brasileira, principalmente das grandes cidades.
Segundo a professora da Faculdade de Ciências Médicas Eliana Cotta de Faria, o estilo de vida contemporâneo tem aumentado os casos de estresse emocional, o sedentarismo e a alimentação inadequada que acabam, junto com a predisposição genética, levando a taxas anormais dessas substâncias no sangue. Esses fatores podem contribuir para o surgimento de várias doenças, principalmente cardiovasculares.
Origens diferentes
Dados do estudo não indicam grandes diferenças de resultados entre as divisões de sexo e idade. Entretanto, as origens do problema foram bem distintas. "O que nos chama atenção é que essas crianças têm causas diferentes para essas dislipidemias (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios no sangue). Temos crianças com doenças genéticas, com maus hábitos alimentares e sedentárias, com doenças de fígado e de rins, que também levam a essas alterações", explicou.
O colesterol é imprescindível para o funcionamento normal das membranas celulares e a produção de hormônios nos seres humanos. O excesso da substância no sangue, entretanto, gera a formação de placas na parede dos vasos, diminuindo seu diâmetro e podendo, inclusive, causar a obstrução total e até o rompimento. A prática de exercícios físicos pelo menos três vezes por semana e uma dieta saudável são fundamentais para manter o colesterol em níveis adequados.
Para a pesquisadora, quando se trata de crianças e adolescentes, o papel da família é fundamental. "As crianças não têm independência e não podem escolher sozinhas o que vão comer. Então, as famílias devem ter uma atitude pró-saúde, prover a criança com alimentos variados, com frutas, verduras, legumes, fibras, sucos naturais. Quando também há uma intervenção para que a criança passe a jogar bola, andar de bicicleta, a tendência é melhorar."
A pesquisa com crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos foi realizada entre 2001 e 2008. Atualmente, os pesquisadores do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estão trabalhando com a faixa-etária até 2 anos. Como se trata de um grupo menor, o objetivo é analisar caso a caso os fatores que levam ao aumento das taxas de colesterol.
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