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Taxidermia permite que animais mortos possam ser observados por estudantes e pesquisadores | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Taxidermia permite que animais mortos possam ser observados por estudantes e pesquisadores| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

65 mil pessoas passaram pelo Museu de História Natural Capão da Imbuia em 2012. Local oferece visitas guiadas para escolas. Telefone: (41) 3350-5480

  • Paulo Gomes, funcionário do museu, e o tigre empalhado: oportunidade rara

Em um bosque de duas quadras de extensão por uma de largura, isolado entre residências no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, estão mais de 100 mil animais, alguns deles estranhos à fauna local, como felinos de médio porte e cobras peçonhentas. A maioria dos anfíbios e reptéis está conservada em jarros com formol, para a sorte dos moradores locais, que não correm o risco de os bichos invadirem os quintais vizinhos. Há 50 anos, funciona no local o Museu de História Natural Capão da Imbuia. Dono do maior catálogo animal do Paraná, o museu celebra meio século no local com a publicação de um livro sobre a história do espaço, e clama por manutenção e expansão do trabalho.

Hoje o museu é administrado pelo município, como uma autarquia vinculada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A origem está atrelada à do Museu Paranaense, fundado em 1874 e que nos anos 1940 resolveu se subdividir. O acervo humanístico (de história, antropologia e arqueologia) ficou com a instituição original, enquanto o material natural (botânica e zoologia) formou o novo museu, que se manteve errante até encontrar o espaço no Bosque Capão da Imbuia, do qual emprestou o nome também utilizado pelo bairro que o cerca.

Nova divisão

O Museu de História Na­­tural mantém dois acervos paralelos. O setor expositivo é dedicado à visitação por estudantes e pelo público em geral. Foram 65 mil pessoas em 2012 e 319 escolas tiveram visitas guiadas. Espécies de todas as regiões do Brasil são conservadas em taxidermia (empalhamento), formando painéis representativos da biodiversidade do país. "A criança se encanta quando chega aqui. É uma forma de aprendizado em que se tem contato direto com o objeto de estudo", ressalta Vinícius Abilhoa, chefe de divisão do museu.

De certa forma, o museu também vai até as escolas. Peças repetidas, sem catalogação ou procedência, ou irrelevantes para a coleção, são emprestadas para serem usadas em aulas e feiras de ciências. São montados kits temáticos de répteis, insetos ou peixes. "Os tempos mudaram e as escolas não podem mais fazer aquelas antigas coleções de insetos, por exemplo", justifica Abilhoa.

O objetivo científico é manter um acervo das espécies do Paraná, sem deixar de catalogar animais oriundos de outros estados. O museu é consultado por estudantes de graduação, pesquisadores e cientistas. Entre as 100 mil peças, há diversas repetições da mesma espécie, necessárias para observar variações. "É uma grande biblioteca, em que lemos sobre a biodiversidade brasileira através desses vidros", compara.

Naturalista alemão deu o impulso inicial

Vez ou outra, o Museu de História Natural Capão da Imbuia ouve críticas por supostamente maltratar animais. Os biólogos esclarecem, porém, que os animais são coletados apenas após a morte, doados por zoológicos, Ibama e Polícia Ambiental.

O processo de taxidermia foi introduzido na instituição trazido pelo naturalista alemão Andreas Mayer. A técnica é considerada incomparável, e suas peças, algumas com 70 anos, são consideradas as melhores do acervo.

Atualmente o museu conta com 22 profissionais, entre biólogos, técnicos e pessoal administrativo. Para um futuro próximo, a equipe espera tirar do papel o plano de revitalização do espaço. "Nosso problema é o mesmo de qualquer coleção do Brasil. Precisa ter continuidade, com ampliação de espaço e de pessoal", aponta Vinícius Abilhoa, chefe de divisão do museu.

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