Mais da metade (53%) dos jovens apreendidos e presos em Londrina (Norte do Paraná), entrevistados pelo Programa Onde Moras, viveram em barracos durante algum período da vida. Foram pesquisadas 152 pessoas, entre adultos com até 21 anos, presos na Casa de Custódia de Londrina (CCL), e adolescentes de 12 a 18 anos apreendidos no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciaadi) e no Educandário.
Do total de jovens que viveram em barracos, 17% esteve nesses locais até 3 anos de idade; 31% até os dez anos; 21% dos 7 aos 10 anos e 31% dos 4 aos 6 anos. A família de 20% deles ainda mora e barraco. "Percebemos nesses dez anos em que o Onde Moras existe [o programa foi criado em 1996] que a família que tem uma casa parar morar tem mais dignidade. A formação da criança tem uma base mais sólida, com mais higiene e saúde. Como conseqüência todo o entorno se modifica para melhor", afirmou o engenheiro Maurício Costa, idealizador do programa.
A idéia que Costa quer propagar é: "a moradia dignifica a família e a sociedade". O bairro que ilustra essa melhora na qualidade de vida, segundo ele, é o Jardim São Jorge (zona norte). Durante o ano de 2005, ocorreram cinco homicídios no bairro. Em 2006, num período de seis meses, 76 barracos foram substituídos por casas e, naquele ano, houve apenas um homicídio. Em 2007, até ontem, nenhum assassinato ocorreu no São Jorge. "Quando se pensa nas soluções para o problema da criminalidade, se fala antes em educação, saúde, emprego, programas sociais, leis mais rígidas, construir mais presídios. O senso comum coloca a moradia sempre em último lugar", disse Costa.
Thelma Alves de Oliveira, secretária estadual da Criança e Juventude, considera a moradia uma nova perspectiva para enfrentar o problema. "A criminalidade é uma questão multifacetada e não se dá conta apenas criando novas vagas na cadeia", disse.
O objetivo de Maurício Costa é que o Onde Moras torne-se política pública de habitação. Segundo ele, no ano passado o governo federal investiu cerca de R$ 17 bilhões em habitação, mas a maioria dos recursos viabilizados atende famílias que recebem mais de três salários mínimos. "As pessoas que recebem entre um e dois salários quase não são beneficiados, e as famílias do Onde Moras, de baixíssima renda, que ganham até R$ 250, não entram na política pública", ressaltou. As casas do Onde Moras custam R$ 10 mil, têm 42 metros quadrados divididos em dois quartos, sala, cozinha e banheiro.
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