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Veja infográfico sobre a saúde bucal dos brasileiros |
Veja infográfico sobre a saúde bucal dos brasileiros| Foto:

Região Norte tem o pior desempenho do país

Os índices de melhoria na saúde bucal do brasileiro se refletem em todas as regiões do país, exceto na Norte onde o CPO – soma de dentes cariados, perdidos e obturados na faixa etária dos 12 anos – cresceu de 3,1 para 3,2. O melhor desempenho é da Região Sudeste, onde o índice é menor (1,7), seguida da Sul, com 2. Os dados por estado não foram disponibilizados.

Para reverter o problema na Região Norte, o governo pretende aumentar as equipes de saúde bucal, ligadas ao Progra­ma Saúde da Família. Outra iniciativa é investir em tecnologia e transporte adequado, incluindo barcos, para chegar à população necessitada.

Não só entre as crianças o CPO brasileiro é positivo. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, a redução foi de 30%, ou seja, o índice caiu de 6,1 em 2003 para 4,2 neste ano. Nessa população, 87% não teve perda dentária, enquanto a necessidade de prótese parcial – substituição de alguns dentes – caiu 50%. Entre os adultos, com idade entre 35 e 44 anos, a queda foi de 19%, ou seja, 20,1 para 16,3 em 7 anos.

Como base de referência para a pesquisa, o governo usou a data de implantação do programa Brasil Sorridente, em 2003. O programa é voltado para a prevenção e tratamento especializado em todo o país. Hoje há 20,3 mil equipes de saúde bucal que atendem 85% dos municípios brasileiros, segundo o governo federal.

Ainda ontem, o governo anunciou que estão disponíveis 51 Unidades Odontológicas Móveis (UOM) pelo programa, em um investimento de R$ 7,8 mil. São consultórios móveis com capacidade para atender cerca de 350 pessoas ao mês. No Paraná, os municípios contemplados pela iniciativa são Car­lópolis, Quedas do Iguaçu e Roncador, integrantes dos Territórios da Cidadania – locais que apresentam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e menor dinamismo econômico.

Foz do Iguaçu - Apesar de ter alcançado um lugar entre os países com baixo índice de cárie, o Brasil tem mais de 7 milhões de idosos entre 65 e 74 anos que precisam de prótese dentária. Os números fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal divulgada ontem pelo Ministério da Saúde.

Conforme o estudo, feito em 177 municípios com 38 mil pessoas, mais de 3 milhões de idosos necessitam de prótese total (nas duas arcadas) e outros 4 milhões em apenas uma das arcadas. Com o ritmo atual de fabricação do acessório – 500 mil próteses/ano – o país levaria 14 anos para atender à demanda. "Precisamos repensar estratégias para atender à demanda em um prazo mais curto", afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Uma das ações previstas é aumentar o número de laboratórios de prótese para atender a demanda e populações vulneráveis que precisam da reabilitação. Na avaliação do governo, o quadro é resultado de uma herança causada pela falta de assistência na saúde bucal que hoje reflete na população acima de 65 anos.

Morador do Bairro Morumbi, em Foz do Iguaçu, o aposentado Idolci Antonio da Silva, 74 anos, faz parte da população sem prótese. Silva não tem sequer um dente na boca. Ele disse que tirou os últimos há cerca de seis anos para colocar uma dentadura (prótese móvel), mas não se adaptou. Há pouco tempo, fez um orçamento para colocar uma prótese fixa, mas desistiu da ideia depois de saber o preço de um tratamento para reabilitação, R$ 6 mil. "Meu dinheiro não alcança, mas gostaria de ter uma", conta.

Silva não pode comer de tudo. Apesar da dificuldade, por falta de informação, ele não cogitou procurar um serviço público para ver se consegue o benefício.

Avanço

O melhor índice da saúde bucal do brasileiro está entre as crianças, de acordo com o estudo. O CPO – sigla para designar a soma de dentes cariados, perdidos e obturados na mesma faixa etária – caiu de 2,8 em 2003 para 2,1 em 2010 em crianças brasileiras de 12 anos, ou seja, 26% (veja mais no quadro ao lado). Com essa pontuação, o Brasil passou a fazer parte dos países com baixa incidência de cárie: entre 1,2 e 2,6, segundo a Organização Mun­dial de Saúde (OMS).

O CPO aos 12 anos de idade é o padrão para comparação internacional porque reflete a incidência de cárie logo no começo da dentição permanente. O índice pode variar de 0 a 32 e representa, em média, o número de dentes doentes na boca de uma pessoa.

Neste índice, o Brasil empata com a Venezuela e está atrás apenas do Chile (1,9), que tem o me­­lhor desempenho na América do Sul. O pior é da Bolívia (4,7). Na Eu­­ropa o índice médio é de 1,6 e no países escandinavos menos de 0,8, segundo o coordenador da pesquisa, An­­gelo Giuseppe Roncalli da Costa.

Na faixa etária dos 12 anos, o estudo ainda mostra que a proporção de crianças livres de cárie cresceu de 31% para 44%, o que significaria, segundo o governo, que 1,4 milhão de crianças não têm nenhum dente cariado — 30% a mais que em 2003.

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