• Carregando...

Setenta e dois por cento dos produtores rurais do Paraná não conseguirão pagar integralmente suas dívidas neste ano. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa com 1.862 agropecuaristas, de 60 municípios do estado, realizada pela empresa Paraná Pesquisas entre 6 e 15 de fevereiro. O levantamento foi encomendado pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que encabeça um movimento político pela renegociação e o alongamento das dívidas dos produtores.

As principais causas da crise enfrentada pela agropecuária paranaense são os baixos preços dos produtos agrícolas, a desvalorização do real frente ao dólar, o aumento dos custos de produção, o alto grau de endividamento dos produtores, a seca que atinge as culturas de verão pelo segundo ano consecutivo e a febre aftosa, que afetou em cheio um setor que ia bem até agora: a produção de carnes. O agronegócio representa 35,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná. Em 2004 – último dado disponível –, o setor contribuiu com R$ 35,2 bilhões dos R$ 99,2 bilhões do total de riquezas geradas no estado.

Dos entrevistados pela pesquisa, 25,74% responderam que não terão condições de pagar qualquer dívida. Outros 46,28% afirmaram que só conseguirão quitar parte dos débitos e apenas 23,93% pretendem pagar a totalidade do que devem. O maior porcentual dos que ficarão completamente inadimplentes (27,19%) verifica-se entre os maiores proprietários de terras, aqueles na faixa acima de 80 alqueires (193,6 hectares). A pesquisa ouviu produtores de todos os portes, com áreas a partir de 10 alqueires (24,2 hectares). O Paraná tem 400 mil propriedades rurais.

A pesquisa aponta também que os produtores planejam reduzir custos e segurar investimentos neste ano. Dos entrevistados, 87,27% afirmaram não ter planos de comprar máquinas e equipamentos. Entre os que possuem empregados, 35,59% declararam que poderão fazer demissões.

Outra conclusão é a queda do ânimo dos produtores: 75,62% afirmaram que 2006 será pior que 2005 e metade deles (50,54%) classificam como ruins ou péssimas as expectativas para a atividade neste ano. Pouco mais de metade (53,17%) acredita que o rendimento da propriedade será pior que o do ano passado.

A principal solução apontada pelos entrevistados é a securitização total das dívidas, que obteve 48,23% das respostas (estimuladas e de múltipla escolha). Outras opções foram a prorrogação apenas das dívidas de custeio (16,27%) e até a devolução de máquinas e equipamentos ainda não pagos (3,11%).

A reportagem procurou o Ministério da Fazenda, para ouvi-lo sobre o possível aumento da inadimplência dos produtores paranaenses, mas a assessoria de imprensa não respondeu até o fechamento desta edição.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]