Por semana, 18 dependentes químicos são internados contra a vontade em Curitiba. Os dados são do Ministério Público do Estado do Paraná e indicam que neste ano 781 pessoas foram internadas de forma involuntária na capital do estado. De acordo com a lei federal 10.216 de 2001, que rege o tratamento para dependentes químicos, o médico responsável pelo internamento involuntário deve comunicar o Ministério Público sobre o procedimento. Segundo especialistas, o número de famílias que tenta realizar o procedimento e não consegue é ainda maior.
A lei permite o internamento involuntário quando o dependente coloca a sua vida em risco ou oferece risco para outra pessoas.
No último sábado, um jovem dependente de crack matou a amiga no Rio de Janeiro. O pai do rapaz chamou a polícia e queixou-se da dificuldade de fazer o internamento do filho, que se recusava a aceitar tratamento.
Segundo o psicólogo Guilherme Vale, da Secretaria Antidrogas, os números são resultado da explosão no consumo do crack, que pegou a política nacional de saúde no "contrapé". "A regulação de 2001 estabeleceu como prioridade a reinserção do usuário na sociedade, evitando o internamento. Mas o crack é diferente e o internamento se faz necessário, na maioria das vezes", diz Vale.
O juiz Roberto Portugal Bacellar, diretor-geral da Escola de Magistratura e colaborador da Secretaria Nacional Antidrogas concorda. "Houve toda uma movimentação para evitar coisas como aquelas registradas no livro do Carrano (Austragésilo Carrano, autor de Cantos dos Malditos, livro que relata os maus-tratos sofridos em uma clínica psiquiátrica). Pegava-se uma pessoa que fumava maconha e se internava. Por isso passou-se a apostar no Caps, em detrimento das vagas de internamento como política de tratamento", diz.
"Houve uma redução nessas vagas e agora está se sentindo isso com famílias desesperadas querendo internar seus filhos a qualquer preço. Muitas clínicas têm medo de fazer o internamento involuntário por medo de processo ", ressalta Vale.
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