• Carregando...

A implantação do ensino fundamental com duração de 9 anos nas escolas do interior do Paraná, programada para ocorrer em 2007, pode esbarrar na falta de dinheiro das prefeituras. O novo modelo prevê que o sistema atual de 8 anos coexistirá com o de 9 anos durante o período de transição. Isso força os colégios a manter duas turmas de 1.ª série ao mesmo tempo no ano que vem, o que vai demandar mais espaço físico, professores e um novo projeto pedagógico.

O problema é que, segundo o presidente estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, cerca de 80% das 399 cidades paranaenses não têm verba para ampliar a estrutura física atual. "Temos um déficit muito grande de salas de aula, e não podemos assumir o compromisso de ampliação da nossa rede assim tão rápido", afirma. De acordo com ele, a maior parte das cidades já está com o orçamento de 2007 aprovado e sem a previsão de novos gastos.

Diante deste quadro, a Undime pediu ao Conselho Estadual de Educação (CEE), durante a sessão plenária que discutiu o tema ontem, em Curitiba, que a implantação do ensino de 9 anos no Paraná seja prorrogada por pelo menos mais um ano. "Hoje só 20% dos municípios consegue atender à nova legislação em 2007. Outros 50% só pode fazer a mudança em 2008, e o restante, em 2009", explica.

Sanches cita o exemplo de Castro (região dos Campos Gerais), onde ele é secretário municipal de Educação: "Temos uma rede de 9 mil alunos em 31 escolas da prefeitura. Para implantar o novo sistema, vamos precisar num primeiro momento de mais 17 salas de aula", calcula.O presidente da Undime no Paraná lembra ainda que, na maior parte dos municípios, as instituições de ensino já sofrem com o excesso de alunos em sala de aula. "No interior, muitas vezes no mesmo prédio funciona uma escola municipal e outra estadual. Nesses locais elas estão superlotadas", afirma.

"Como educador, evidentemente sou favorável ao ensino de nove anos. O Brasil tem uma dívida muito grande com a educação e essa dívida começa a ser paga agora. Mas também sou dirigente público, e não posso ser irresponsável nesse momento. Por isso estamos pedindo a prorrogação", completa. De acordo com a legislação federal, os estados têm até 2010 para fazer a mudança de 8 para 9 anos.

Apesar do apelo, o Conselho Estadual de Educação não deve mudar a data de implantação. A presidente da Câmara de Ensino Fundamental do CEE, Carmem Lúcia Gabardo, informou que o órgão acolheu a reivindicação e discutirá o assunto internamente.

"O problema é que o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), que poderia financiar os municípios, ainda está em discussão em Brasília, e a aprovação deve demorar mais um pouco", conclui.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]